Mundos diferentes

Juízes e jornalistas precisam melhorar relacionamento

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19 de abril de 2004, 16h32

Magistrados e meios de comunicação precisam aprimorar seu relacionamento para melhor servir à população. Esta é uma das conclusões tiradas do painel sobre o relacionamento da imprensa com o Judiciário. O painel foi apresentado, na manhã desta segunda-feira (20/4), em Porto Alegre.

O debate foi parte da programação da assembléia geral da Federação Latino-americana de Magistrados (Flam) e da reunião do Grupo Ibero-americano da União Internacional de Magistrados (UIM). Os dois eventos têm encerramento nesta segunda-feira à noite, com painel sobre a independência do Judiciário.

Participaram das discussões sobre a relação com os meios de comunicação o presidente do Grupo Ibero-americano da UIM, desembargador Sidnei Beneti, o presidente da UIM, Ernst Markel, o presidente da Flam, desembargador Guinther Spode, e o presidente da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), Carlos Rafael dos Santos Júnior.

O diretor de redação do jornal Zero Hora, Marcelo Rech, criticou o distanciamento imposto pela natureza do exercício da profissão tanto a magistrados quanto a jornalistas. “Vivemos em mundos separados. Temos muitos antagonismos. O Judiciário usa uma linguagem técnica, hermética, enquanto a nossa deve ser simples, objetiva e universal. Ao mesmo tempo, precisamos de declarações e informações, ao passo que os juízes devem silenciar sobre os processos que estão analisando”, disse o jornalista. “Mas na verdade nosso mundo é um só e todos devemos satisfação à sociedade”, concluiu.

O diretor de redação do Jornal do Comércio, Pedro Maciel, reforçou a idéia. “A imprensa, assim como o Judiciário, deve servir à sociedade”, lembrou. E acrescentou outro problema no relacionamento: a lei da mordaça em discussão hoje no país, que pode impedir juízes e membros do Ministério Público de se manifestar livremente por intermédio da imprensa.

O presidente da Ajuris ainda insistiu na necessidade de o Judiciário se aproximar mais da sociedade: “O Judiciário, como poder político, deve prestar contas à sociedade”, disse. Participaram ainda do debate, no auditório da Escola de Magistratura da Ajuris, os jornalistas Jurema Josefa, do Correio do Povo, Paulo Sérgio Pinto, da rede Pampa, Paulo Camargo Tonet, da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e o presidente da Associação Rio-grandense de Imprensa (ARI), Ercy Torma. (AMB)

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