Bandeira branca

Radicalismo no campo pode gerar retrocesso, afirma Busato.

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7 de abril de 2004, 15h09

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, ressaltou nesta quarta-feira (7/4) sua preocupação com a crescente onda de tensão no campo e com a falta de uma ação mais efetiva do governo federal para evitar que o radicalismo promova um retrocesso na política de assentamentos dos sem-terra.

Para Busato, o Brasil não pode reproduzir, em seu momento social mais crítico, um cenário igual ao que antecedeu o golpe militar de 1964, com os radicalismos dos movimentos sociais enfraquecendo o governo e permitindo reações extremadas nos setores mais reacionários. “O radicalismo, na prática, vinha de todos os lados”, disse.

O presidente da Ordem considera preocupante ouvir as declarações do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, de que “o campo está em paz”, ao mesmo tempo em que toda a mídia apresentava imagens de integrantes do MST empunhando bandeiras e foices, em clara manifestação de conflito.

“Algo está errado”, afirmou Busato, ao lembrar que as palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo as quais a reforma agrária não se fará no grito, levam a sociedade aguardar medidas concretas no campo a curto prazo. “No meu entender, o radicalismo se dá pela ação de um lado e pela omissão de outro”, afirmou.

Esta semana, o presidente da OAB divulgou artigo ao governo e ao MST que tenham serenidade neste momento de negociação. Para ele, chegou a hora de o governo dar um passo positivo para levar a paz ao campo.

“Na outra ponta, o MST também deve ter serenidade para perceber que não é por meio do radicalismo que conseguirá resolver essa situação, infelizmente uma herança da época das capitanias hereditárias”, afirmou. “A questão agrária brasileira, sobretudo quando envolve a posse da terra, é bastante sensível, e basta um movimento errado para se acender um rastilho de pólvora”, concluiu Busato. (OAB)

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