Conto do vigário

Juiz condena idoso que aplicava golpes dentro de Fórum do Rio

Autor

1 de abril de 2004, 21h17

José Cunha atuava na sala da OAB-RJ, dentro do Fórum Central. Ele se passava por representante da Associação dos Magistrados e lesou mais de 20 pessoas com o golpe de doação de casas, que lhe rendeu cerca de R$ 50 mil. José Cunha foi preso em flagrante, depois da denúncia de uma das vítimas.

O estelionatário, de 70 anos, foi condenado a três anos e quatro meses de reclusão em regime semi-aberto pelo juiz Joel Pereira dos Santos, da 26ª Vara Criminal do Rio.

Segundo o juiz, José Cunha praticava crimes há anos. “A senda criminosa teve início em 1963, portanto há quarenta anos. Consta condenação em vários processos, sempre crimes cometidos contra o patrimônio”, afirmou. O juiz disse que agiu com “acentuado” dolo e “inacreditável” atrevimento. “Idealizou um sofisticado plano delituoso, quase tornando impossível a desconfiança da fraude”, destacou.

Estratégia de ação

A sala onde ele atuava é administrada pela OAB e nela entram centenas de advogados todos os dias, para escrever petições e outros documentos, o que facilitava a atuação de José Cunha.

O estelionatário fingia que era advogado e se apresentava de paletó e gravata. Dizia que a Prefeitura do Rio, através da Amaerj, estava doando casas tombadas a pessoas de baixa renda. Ele exigia documentação das vítimas, comprovante de residência e determinada quantia em dinheiro para o pagamento de taxas destinadas à legalização e transferência dos imóveis, situados na Urca, Copacabana e Botafogo.

Para aplicar o golpe, o estelionatário contava com a ajuda da sua esposa Laura Carvalho de Jesus, que cedeu a conta bancária para o depósito do dinheiro das vítimas. Maria Madalena Santana e Viviane Corrêa de Barros também participavam do golpe atraindo pessoas — a maioria humildes e de pouca instrução. Elas também foram denunciadas pelo Ministério Público. Entretanto, foram absolvidas pelo juiz. Segundo ele, as rés não tinham consciência da ilicitude da conduta de Cunha. (TJ-RJ)

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!