O advogado criminalista Jayme Fernandes Neto, 44 anos, foi preso pelo Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos) por associação para o tráfico de drogas e corrupção ativa, em São Paulo. Fernandes Neto é acusado de tentar comprar por US$ 10 mil a soltura de duas mulheres e um homem presos com cocaína por policiais da DPE (Divisão de Proteção à Escola) do Denarc. A prisão ocorreu, na segunda-feira (22/9), em flagrante.
Além disso, ao comparecer na 2ª Delegacia, ele não sabia que no monitoramento da quadrilha os policiais descobriram seu envolvimento com o tráfico de drogas. Estão presos o advogado, a doméstica Alba Solange Chalita da Silva, a estudante Cíntia Cristina Sidio de Barros, e o comerciante José Cláudio de Oliveira.
As mulheres foram as primeiras a serem detidas, na tarde de segunda-feira (22/9), na avenida Ricardo Jafet, região da Vila Clementino, Zona Sul. Solange foi ao Hipermercado Carrefour com José Cláudio e pararam uma Parati no estacionamento do piso superior. Por telefone, Solange e Cintia haviam marcado encontro naquele local para efetuar uma transação de drogas, segundo o Denarc.
Cintia entrou na Parati e se sentou no banco traseiro. Quando saiam do carro, foram pegas pelos policiais. Havia R$ 1 mil em dinheiro com Solange e 625 gramas de cocaína com Cíntia. Todos foram presos e levados para o Denarc, no Butantã. Em revista na casa de Solange, em Embu-Guaçu, Grande São Paulo, os investigadores da equipe do delegado Maurício D'Olívio encontraram mais 396 gramas de cocaína. Ao ser presa, Solange apresentou documento com a foto dela, mas em nome de Ivonildes Ângela Santana e, por isso, também foi indiciada em crime de falsidade ideológica e uso de documento falso.
Enquanto os policiais revistavam a casa de Solange, o advogado chegou ao Denarc e pediu para conversar com os três presos. Logo depois, ofereceu US$ 10 mil para que os clientes fossem soltos. Na entrega dos dólares, ele foi preso em flagrante por corrupção ativa. O dinheiro está apreendido.
Segundo o delegado D'Olívio, a função do advogado na quadrilha era apresentar aos clientes do tráfico amostras das drogas para que, se aprovadas, fossem feitas as encomendas. O delegado afirmou que Solange era responsável pela preparação da cocaína, em Embu-Guaçu. O entorpecente era distribuído em Diadema, no Grande ABC, e na Zona Sul da Capital, conforme as investigações. (Denarc)
Comentários de leitores
8 comentários
Lívio Lima ()
Quem alega tem que provar. Isso também vale para opiniões emitidas. Existem vários sinônimos para cidadãos que testemunham crimes e preferem ignorar e fazer críticas indiretas: começa na letra "c" de comparsa, cúmplice e covarde e segue pelo dicionário. Pensemos antes de falar, comentaristas.
Rodrigo Laranjo ()
Vale lembrar que para ser advogado basta cursar uma faculdade e passar no exame da Ordem. A faculdade é a parte mais fácil, hoje em dia basta pagar as mensalidades em uma faculdade menos renomada. Para passar no exame da Ordem, aí sim há alguma real exigência. Mas o que quero dizer é que não se deve devender os "advogados" simplesmente por ser advogado. São pessoas, de carne e osso, e pessoas cometem crimes. Como também não se pode condenar toda a classe, afinal, sempre existirão pessoas... e pessoas... www.wibs.com.br
Henrique Mello ()
Sem dúvida, reprovável a conduta profissional do colega! Esperamos pelo fato, algo inédito nos dias atuais (digo sobre o flagrante!), haja mudado a consciência que até há poucas horas reinava em diversas delgacias da Policia Civil de São Paulo (incluso DEIC, DENARC, etc.). Creio na renovação moral e intelectual da nova geração de Delegados e seus subordinados. Creio numa geração voltada para o serviço público como vocação e não para tornar-se ladrão e extorsionário de carteirinha e distintivo. Creio com isso, prevalecendo novos valores morais e intelectuais, que o trabalho dos advogados será sobremaneira facilitado, pois suas prerrogativas profissionais serão respeitadas. Enfim, é bem melhor para a profissão nada pagar e ter nossos misteres respeitados, que pagar (e quando se paga é porque a corrupção já estava presente antes da chegada do advogado!) alimentando a podridão e os vícios que há tantas décadas maculam tão respeitável Instituição Estatal. Acharia o máximo se fosse criado, como nos Estados Unidos, um departamento de assuntos internos, totalmente independente, vigiando, checando, fiscalizando todas as polícias. Mas para tanto, seria necessário que a lei fosse respeitada, pois pessoas continuam sendo presas sem qualquer mandado e no meio do caminho, sem qualquer ingerência de advogado, são extorquidas e liberadas, não chegando sequer até a repartição pública. E se desde o início tudo fosse gravado (um áudio e vídeo), certamente o Estado Democrático de Direito estaria melhor nessa guerra contra a tortura, contra a opressão dos corruptos. Quantas e quantas vezes um inquérito retrata um ótimo trabalho de investigação e atrás disso há pobridão, pois parte dos crimes do bandido foi negociada para não aparecer. O flagrante da notícia, sem dúvida, já é um grande passo para a mudança moral e intelectual que se avizinha. Henrique Mello
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