Na manhã desta quarta-feira (12/11) um qüiproquó contido, mais ainda assim um qüiproquó, instalou-se no gabinete do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Por volta das 10h da manhã Francisco Carlos Garisto, que teve um encontro com o ministro para tratar de assuntos da Polícia Federal, estranhou-se com o diretor da PF, Paulo Lacerda. Garisto cumprimentou Lacerda, mas não foi correspondido. E, rápido no gatilho, Garisto disparou: "É assim que a Polícia Federal vem sendo tratada, ministro".
Ele é presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, que conta com 12 mil associados no Brasil. Garisto, que chegou a ser cogitado para a diretoria da PF, foi tratar de narcotráfico com o ministro. "Eu disse ao ministro que do jeito que está não pode continuar", relatou Garisto à revista Consultor Jurídico.
"A Polícia Federal só está cuidando de combater o crime nas grandes capitais, que é bem o estilo do doutor Paulo Lacerda. Mas eu digo que nossas fronteiras viraram um queijo suíço. Entra tudo aqui no país porque a PF não tem vigiado essas fronteiras".
Garisto, que já foi segurança do Papa João Paulo Segundo, de dois presidentes dos Estados Unidos e do príncipe Charles, disse que entregou ao ministro um dossiê sobre as deficiências de pessoal da PF nos mais de 8 mil quilômetros de fronteiras do Brasil.
"Eu estive na BV8, que é a fronteira do Brasil com a Venezuela. Ali só há dois agentes, novinhos, contratados há 28 dias, nem receberam salário ainda. Batem ponto das oito ao meio dia, depois até o fim da tarde. Depois disso, passa tudo pela fronteira. O ministro precisa cuidar dessa situação. Crime organizado se combate vigiando fronteiras, não esperando que ele chegue nas grandes capitais", diz Garisto.
Comentários de leitores
4 comentários
Rose Carlos de Araujo ()
Venho acompanhando as entrevistas e textos do Dr.Garisto, tanto no Consultor Jurídico como na Revista Caros Amigos, e mesmo sem conhecê-lo pessoalmente posso dizer que sou seu admirador pela coragem que tem de apontar os problemas e principalmente pela capacidade de apresentar soluções. Essa denúncia das fronteiras do Brasil é uma grande revelação e mostra porque as grandes capitais doBrasilestão um caos. Operações policiais com mídias e holofotes todos querem , mas nas fronteiras estão dois garotos novos da Polícia Federal e nada mais. Acredito que ocorra isso em todas as fronteiras do Brasil e o Dr Garisto mostra o porque da situação caótica da segurança pública no Brasil. Polícia se faz primeiro nas fronteiras e nas estradas.Concordo com o Dr.Garisto
Antonio Fernandes Neto (Advogado Associado a Escritório - Empresarial)
E precisa ser feito qualquer comentário?
Luís Eduardo (Advogado Autônomo)
Depois dessa comunicação oficial do sr. Garisto, o que será que o Ministro Márcio Thomaz irá fazer? O povo quer atitudes sérias e efetivas na sua defesa e na do país.
Comentários encerrados em 20/11/2003.
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