A epopéia do pau-brasil

Escritório de advocacia patrocina livro sobre pau-brasil

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1 de setembro de 2002, 12h14

Para comemorar seus 30 anos de existência, o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, programou dois eventos memoráveis: o recital do maior pianista brasileiro vivo, na melhor sala de espetáculos do país e o lançamento de um livro muito especial.

Para ver e ouvir o pianista Nelson Freire, foram à Sala São Paulo, dias atrás, grandes nomes das áreas empresarial, governamental, do mundo jurídico e da imprensa (leia abaixo o divertido speech do mestre de cerimônia, Paulo Henrique Amorim, no dia do espetáculo).

O segundo evento é o lançamento do livro “Pau Brasil” também produzido com o apoio e financiamento do Machado-Meyer. Os trabalhos foram coordenados pelo jornalista Eduardo Bueno. A obra escrita por outros sete autores nacionais e internacionais ilustra a importância do símbolo nacional do país e mostra o abandono em que estão as últimas reservas naturais do pau-brasil.

A festa de lançamento do livro acontecerá nesta terça-feira (3/9), a partir das 19h, no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo.

Pau-brasil é o primeiro volume de uma coleção de quatro ciclos que tratarão de etapas da economia brasileira. A obra tem 171 imagens, mapas, gravuras e outras iconografias pesquisadas em livros raros pertencentes à biblioteca de José e Guita Mindlin.

A obra, com a participação de botânicos, aborda características peculiares da espécie. O leitor terá a oportunidade de descobrir, por exemplo, que o processo de floração do pau-brasil dura entre 10 e 15 dias, mas as flores permanecem desabrochadas por menos de 24 horas.

O pesquisador Fernando Lourenço Fernandes levanta diversas questões sobre o pau-brasil e põem em xeque fatos da história oficial. Um dos assuntos levantados na obra refere-se à descoberta do pau-brasil no país. O autor não descarta a possibilidade de que a espécie seria um indício da estada de europeus no Brasil, antes de 1500.

O livro da Axis Mundi Editora tem 280 páginas. A edição de luxo custa R$ 80,00 e a simples, R$ 35,00.

Leia a apresentação de Paulo Henrique Amorim na Sala São Paulo

“Antes que alguém se pergunte o que eu estou fazendo aqui, gostaria de explicar que, como todo mundo, eu às vezes vou ao dentista fazer tratamento de canal e, também às vezes, tenho que ir ao advogado – e com igual entusiasmo.

Também, como todo mundo, eu gosto de piada de advogado.

Por que a cobra não pica advogados? … Por uma questão de ética.

E o papa que reclamou de São Pedro. Por que a minha casa aqui no céu é tão pequena e a do meu vizinho é uma mansão, com piscina e … quatro seguranças? … Respondeu São Pedro: Porque aqui no céu tem 400 papas e o teu vizinho é o primeiro advogado.

Como se sabe, o Machado, Meyer, Sendacz e Ópice tem aspiração mais modesta do que ir para o céu. Eles pretendem, simplesmente, comemorar trinta anos.

Em 1972, o prefeito dessa cidade dizia: “São Paulo precisa parar”. Deu no que deu. A economia crescia a 10,4% ao ano. Mas, o Presidente da República dizia. “A economia vai bem, mas o povo vai mal.” Deu no que deu.

Em 1972, na avenida São Luis, no edifício Vilma Sonia, o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice não tinha um único cliente. Todos no escritório faziam hora acompanhando no jornal os lances da luta pelo título de campeão mundial de xadrez de Victor Korchnoi contra Anatol Karpov. E nada de cliente. Não tinham nem telefone. Um dia, a Vilma, a Vilma que dava nome ao prédio, e que tinha telefone no segundo andar, avisou: “telefone pra vocês: é um tal de Marco Antonio, da Ultragaz.” Foi uma correria. Desceram todos para atender ao telefone. Não era da Ultragaz. Era um amigo do Machado. Era o Marco Antonio … Dutra Vaz.

No fim de 1972, tinham o primeiro cliente. O banco Manufacturer’s Hannover Trust. Que se tornou Chemical. Depois, Chase. Hoje é o J. P. Morgan, cliente da casa até hoje. No fim do ano, pagaram o papagaio que levantaram no banco: um papagaio de 950 mil cruzeiros, com aval de todos.

No começo, eram 12 advogados. Hoje, são 280, 32 sócios e 250 associados.

Depois vieram o Royal Bank of Canada. A Quaker Oats. A Hunter Douglas.

Ia esquecendo: com o tempo a Ultragaz se tornou cliente.

Os anos 80, da “década perdida” … perdida … em termos. O escritório trabalhou com empresas estrangeiras que vieram com o “boom” dos anos 70 e estavam decepcionados. Mas, um grande mercado já estava aberto: o das operações financeiras internacionais, que financiaram estatais e governos.

O escritório desempenhava um papel … assim … de “o Brasil para principiantes ” … Os estrangeiros vinham e não sabiam onde pisar, onde a terra era firme.

O investimento estrangeiro aprendeu. Percebeu que a terra era firme e … dava dinheiro.

Os escritórios de advocacia lá de fora começaram a entender o Brasil melhor.

E quando a economia brasileira se abriu, a concorrência passou a ser feroz.

80% dos advogados do mundo são anglo-saxões.

90% dos negócios são feitos na língua inglesa.

E regidos pela lei americana ou inglesa.

Machado, Meyer, Sendacz e Ópice participou da privatização da Vale. Da Telebrás. E do sistema elétrico. E de centenas de outras operações de igual envergadura

O escritório não era apenas o indígena que recebia viajantes. O escritório teve que disputar o mercado com sociedades de advogados que, nos Estados Unidos, existem desde o século XIX.

Mais conhecimento técnico. Entender cada negócio. E cada indústria. Trabalhar com jovens advogados que jogam como os estrangeiros e, como eles, sabem trabalhar em equipe desde cedo. Com as janelas abertas. O mundo todo cabe num terminal de computador – e uma causa se perde com o click de um mouse. Ou se ganha.

O desafio hoje é enfrentar o mundo. Quer dizer, a OMC, a Organização Mundial do Comércio e a Alca. E se todos os advogados do mundo puderem advogar aqui?

Qual a maior vitória do escritório, ao longo desses trinta anos – eu perguntei a um deles.

Os quatro continuam juntos. E juntos com todos os jovens brilhantes advogados que acreditaram neles — e se tornaram seus. Foi a resposta.

Eu tenho outra, bem melhor que essa.

Eles nunca mais jogaram xadrez.”

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