20/3/2002

Primeira Leitura: fim de recessão americana beneficiará o mundo

Autor

20 de março de 2002, 10h02

</center

Agora é oficial

O fim da recessão na maior economia do mundo foi atestado com a chancela do todo-poderoso Alan Greenspan, presidente do Fed. O banco central dos Estados Unidos manteve a taxa de juros básica em 1,75% e retirou o viés de baixa.

Otimismo

A notícia é boa para todo o planeta, que depende, para voltar a crescer, do aumento dos fluxos de comércio ou da normalização dos fluxos de capital. E ambos são favorecidos com o fim da recessão americana.

Futuro

Do lado de cá, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide como ficará a taxa básica de juros no país. Primeira Leitura aposta, como o mercado financeiro, que o BC continuará reduzindo a taxa, atualmente em 18,75%. Há quem arrisque o palpite de um corte de meio ponto percentual na taxa, mas a maioria dos analistas crê em uma redução de 0,25 ponto.

Noções de genética

Entre as causas da tranqüilidade do mercado diante da crise política está a certeza de que o PFL, apesar de fazer evoluções de oposicionista diante das câmeras de TV, não vê a hora de regressar à base governista. O DNA não perdoa…

Atração regional

O apetite dos investidores pela América Latina continuou forte em 2001, segundo relatório da agência de classificação de risco Fitch Ratings. Mais de US$ 7 bilhões de títulos foram emitidos por empresas da região. Metade desse dinheiro veio para o Brasil.

“Risco político”

Este ano, o fato de o país ter um candidato de esquerda liderando as pesquisas das eleições presidenciais é motivo de cautela dos investidores, afirma a Fitch. A Câmara Americana de Comércio prevê a entrada de apenas US$ 17 bilhões em investimentos diretos no Brasil, também por causa da “incerteza política”. No ano passado, foram US$ 22 bilhões.

Amnésia seletiva

A noção de risco político desse pessoal – a possibilidade de vitória de um candidato de esquerda – não leva em conta o fato de que, na história recente, foi justamente um candidato da direita – Fernando Collor, lembra? – quem rompeu contratos quando chegou ao Planalto.

Capital sem pátria

De qualquer modo, é só a candidatura governista se consolidar que vai aumentar o fluxo de capital especulativo para o país, a ponto de exigir medidas das autoridades econômicas para sua limitação. Aliás, o presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a defender, ontem, o controle global dos fluxos financeiros.

Convite formal

Parte dessa consolidação pode acontecer depois de hoje, quando o pré-candidato tucano, José Serra, convidar formalmente o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), para ser o vice em sua chapa. A barbeiragem do PFL deixou os peemedebistas na condição de aliados preferenciais na base governista.

Assim falou… Inocêncio de Oliveira

“As nuvens já estão menos carregadas.”

Do líder do PFL na Câmara dos Deputados, antes da votação da CPMF em segundo turno. O deputado disse que ainda está aprendendo a ser oposição…

História em números

Um gráfico mostrando o comportamento do juro básico nos Estados Unidos nos últimos 15 meses mostraria, com suas taxas alinhadas morro abaixo, a consistência do presidente do Fed, Alan Greenspan, no uso desse instrumento de política monetária.

A recessão americana foi abatida a golpes de redução dos juros. Estes estavam em 6,5% em dezembro de 2000 e foram reduzidos, um ano depois, a 1,75%. Competência e autonomia da autoridade monetária, com fiscalização pelo Legislativo, estão nos fundamentos dessa mágica…

Revista Consultor Jurídico, 20 de março de 2002.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!