A turba e o chicote

Marco Aurélio afirma que juiz não tem de agradar a 'turba'

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5 de março de 2002, 16h45

Os juízes não têm que dar “sangue e vísceras” à população. “Juiz tem que dar Justiça”, disse nesta terça-feira (5/3) o presidente do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio. A menção, relacionada a episódios recentes envolvendo personagens da política, foi a maneira que o ministro encontrou para se solidarizar com os juízes que têm adotado decisões impopulares.

Marco Aurélio falou em São Paulo, durante o Seminário “A Crise das Políticas Públicas” promovido pela UniFMU e pelo Instituto Metropolitano de Altos Estudos.

Durante seu discurso, o ministro ressaltou que cabe ao juiz julgar um caso baseado nos fatos e naquilo que está no processo. “O juiz não pode julgar pelo sentimento da turba, até porque o chicote muda de mão”.

Em menção indireta à devassa a que foi submetida a empresa de Roseana Sarney, no Maranhão, ele afirmou que não cabe falar em crise do Estado. “Os fatos surgem e são alvos de apuração. Não há que se falar em pessimismo. Estamos em um período de depuração, com as instituições funcionando, ensejando o crescimento democrático”, disse.

Marco Aurélio voltou a frisar que, ao contrário da expectativa que se tem criado, a Reforma do Judiciário não acelerará o andamento dos processos, apesar de conter pontos positivos.

Também estavam presentes ao evento os juristas Miguel Reale, Márcio Tomás Bastos, José Cretella Júnior, o presidente do Tribunal Regional Federal da 3a Região, Márcio Moraes, os professores Davi Uip e José Aristodemo Pinotti, entre outros.

Revista Consultor Jurídico, 5 de março de 2002.

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