Linhas cruzadas

Casa que foi cativeiro de Olivetto é objeto de disputa judicial

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4 de março de 2002, 9h14

Ao mesmo tempo em que um pesado esquema policial tentava desvendar onde estava escondido o publicitário Washington Olivetto, o imóvel que serviu de cativeiro ao empresário seqüestrado era e continua sendo objeto de uma complexa disputa judicial.

A casa da rua Kansas integra o patrimônio da empresa Matarazzo Produções. Com a separação do casal de sócios, teve início um litígio pelo comando da empresa — antes gerenciada pela mulher — hoje sob a administração do marido.

Com o seqüestro, nem um nem outro têm agora a posse do imóvel, neste momento. Luiz Cláudio Matarazzo, o gerente da empresa, já entrou na Justiça para recuperar a casa.

Em processo civil, Milena Martinelli de Freitas, acusa seu ex-marido de incompetência na condução dos negócios e pede a sua destituição do cargo. O juiz abriu vista do processo à parte contrária e Matarazzo deve apresentar sua defesa nesta segunda-feira (4/3).

Para a polícia e para o Ministério Público, contudo, o que interessa é o grau de ligação do empresário com o locador do imóvel: o suposto sociólogo argentino Eduardo Norberto Fleming.

“Eu mal o conheço”, afirma Matarazzo. “Sou mau fisionomista e sequer posso descrevê-lo. Mas ele me pareceu uma pessoa muito bem preparada”, diz o empresário. A pessoa que se disse chamar Eduardo Fleming alegou que precisava deixar a Argentina por causa da situação econômica do país. Que precisava trazer a família e necessitava da casa.

Sem condições de oferecer garantias para a locação da casa, Fleming firmou contrato de comodato com Matarazzo, que afirma ter falado com ele em apenas quatro ocasiões. Mas não gratuitamente, como se noticiou anteriormente. “Ele pagou adiantado R$ 6 mil reais”, informa Matarazzo. O contrato foi feito com data de 1º de agosto de 2001.

Os contatos com o locador do imóvel eram feitos por meio de um celular, cujo número o empresário já informou à polícia.

Quanto ao fato de os seqüestradores terem alugado barcos para passear em Ilhabela e Luiz Cláudio pertencer a uma Associação de Velejadores, o empresário faz uma distinção: “Meu esporte é velejar, que nada tem a ver com lanchas”, diz ele.

A principal preocupação de Luiz Cláudio Matarazo, porém, é a disputa com sua ex-mulher, que se dá em torno de vários processos. Seu outro problema é a recuperação da casa.

Embora se tenha lançado o manto do segredo de justiça sobre o processo em torno do sequestro, o litígio entre Luiz Cláudio e Milena desenrola-se em outros vértices. Um deles é o apenso da ação cível ajuizada na 38ª Vara da Capital, sob o número 00098048398-0.

Revista Consultor Jurídico, 4 de março de 2002.

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