Quarta-feira, 29 de maio de 2002.

Primeira Leitura: Petrobras impõe preços e governo não se mexe

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29 de maio de 2002, 13h55

Política incendiária

A Petrobras acaba de anunciar um aumento de 9,2% para o gás de cozinha. Tudo em nome de seus acionistas, que, certamente, vão passar a usar microondas…

Tirando renda

Aumento de gás de cozinha é como aumento de imposto: retira renda disponível. No caso, retira renda disponível dos mais pobres.

Cadê o governo?

É absolutamente inacreditável que a Petrobras, uma estatal monopolista, imponha seus preços sem que o governo se mexa. Que a direção da Petrobras esteja mais preocupada com seu currículo junto a Wall Street, vá lá… Que o governo faça o mesmo é coisa que não se entende.

Quem te viu, quem te vê

A estatal do petróleo já foi um símbolo do nacionalismo. Agora, graças a Francisco Gros, presidente da estatal, é um símbolo do que há de pior no neoliberalismo.

Questão de marketing

Vai lá, Nizan, e mostra o ganho eleitoral que terá o tucano José Serra ao se “colar” em FHC e a suas realizações, como esse aumento, como essa política de preços, como essa aventura neoliberal sem pé, sem cabeça, mas com bolso. O bolso do brasileiro que já viu cair a renda em dois dígitos nos últimos 12 meses.

Ponto de interrogação

Ao anunciar que o PIB brasileiro encolheu 0,73% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período do ano passado, o IBGE evitou traçar a tendência para este ano. O chefe do Departamento de Contas Nacionais do instituto, Eduardo Nunes, preferiu dizer que os dados indicam “um momento de interrogação” sobre o futuro.

Debate inútil

O PIB da indústria caiu nada menos que 3,91%, prejudicado, principalmente, pelo desempenho da indústria da construção civil (-8,90%). O PIB do setor de serviços cresceu 1,71%, mas, dentro desse item, o do comércio apresentou queda de 4,01%. Mesmo diante desses dados, está na praça, de novo, o inútil debate técnico sobre se o Brasil estaria ou não enfrentando uma recessão.

Estagnação…

Outro dado divulgado ontem pelo IBGE mostra que, tirando da conta o primeiro trimestre do ano passado, a economia brasileira está estagnada. De abril de 2001 a março deste ano, a evolução foi de 0,29%.

…e recuperação

Em relação ao último trimestre de 2001, o PIB cresceu 1,34%. Para o Primeira Leitura, os números mostram que há uma recuperação em curso, só que tímida demais para fazer a economia crescer 2% neste ano.

Malanismo em ação 1

No Brasil, a política fiscal tem a obrigação de gerar superávits primários (receitas maiores do que despesas, excluindo-se as com juros). Por definição, portanto, a política fical é contracionista. Logo, para alavancar o crescimento só resta a política de juros.

Malanismo em ação 2

O problema é que a tarefa da política de juro é, na cabeça da equipe econômica, outra. Segundo os compromissos assumidos pelo Banco Central, a taxa-Selic persegue uma meta inflacionária. E só.

Paixões e evidências 1

O governador do Espírito Santo, José Ignácio (PTN), apelou ao ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, para que não haja intervenção federal no Estado, campeão de violência. A OAB pediu ao ministro que Ignácio seja afastado por envolvimento de sua administração com o crime organizado. Para o Primeira Leitura, a União deveria intervir. O Estado perdeu o controle.

Assim falou…Luiz Inácio Lula da Silva

“Acho que todas as denúncias, contra qualquer pessoa, têm que ser apuradas. Ou a pessoa ganha uma condenação ou um atestado de idoneidade. Sempre parto do pressuposto de que todas as pessoas são inocentes até que se prove o contrário”.

Do candidato do PT à Presidência, ao dizer que não há provas contra Orestes Quércia e afirmar que o PT e o PMDB estão conversando para formalizar uma aliança.

Tudo é história

Inimigo histórico dos petistas, o ex-governador Orestes Quércia passou os últimos anos sob a mira do PT, da Procuradoria, da Justiça… Quércia, que já foi candidato à Presidência pelo PMDB, naufragou politicamente com esses processos, tanto que é candidatíssimo ao Senado… e não ao governo do Estado.

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