Consultor Jurídico

A rica experiência de estudar Direito em Londres

16 de maio de 2002, 10h03

Por Redação ConJur

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As exigências de um mercado cada vez mais global têm levado muitos advogados brasileiros a tentar um mestrado no exterior. A experiência é interessante pela possibilidade de se ver o mundo sob outra perspectiva e importante para quem quer participar efetivamente de uma sociedade integrada. Mas é sobretudo essencial para quem quer compreender e trabalhar em um mundo jurídico que também está cada vez mais globalizado.

Com centros de reconhecida excelência acadêmica em diversas áreas, Londres é um dos lugares escolhidos por estudantes e profissionais de todo o mundo para esse aperfeiçoamento profissional e pessoal.

No campo do Direito, há quem pergunte se o investimento é válido, em virtude da evidente diferença do sistema jurídico do Common Law. O Masters of Law, ou LLM, como também é conhecido nos Estados Unidos, é bastante abrangente. Na University of London, o sistema jurídico britânico é usado como referência, mas o foco é logo dirigido para a Europa e de lá para o resto do mundo, sobretudo para os Estados Unidos.

Esse ano, por exemplo, o curso de Direito Tributário Internacional tem representantes de mais de 20 países, que são incentivados a comentar o perfil de seus sistemas legais em vários assuntos – imposto sobre consumo, imposto de renda, preços de transferência e paraísos fiscais.

O aprendizado técnico é profundo, sobretudo em áreas de vanguarda como Direito de Internet, Tecnologia da Informação e Telecomunicações. Em áreas mais comuns ao cotidiano, a experiência também é enriquecedora. O ICMS do Brasil, por exemplo, é um imposto de consumo sobre valor agregado que existe em vários países do mundo, inclusive na Europa, com suas diferenças, claro. Mas como a filosofia do sistema é a mesma torna-se possível dissecar os conceitos e entender melhor a composição econômica do tributo, o que facilita o trabalho do operador no Brasil, com ou sem reforma tributária.

Uma visão de organizações como o Fundo Monetário Internacional, Organização Mundial do Comercio e Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento – OECD, possibilita uma perspectiva mais critica do trabalho dessas instituições e da maneira como devemos enfrentar os desafios de um novo palco de solução de conflitos internacionais: o Direito.

A experiência de viver em Londres, claro, ajuda. Com mais de sete milhões de habitantes, a cidade tem orgulho de ser uma das mais cosmopolitas do planeta. A vida cultural é intensa e oferece oportunidades para conhecer manifestações que nem sabíamos que existiam. A possibilidade de encontrar pessoas e estreitar relações permite uma melhor compreensão do mundo em que vivemos, de um mundo que também é nosso.

Nesse sentido, é particularmente importante vir aqui e conhecer, experimentar, em vez de estar sempre como espectador de experiências alheias. Um mundo que se conhece melhor é um mundo mais próximo e mais tolerante. O retorno é tamanho que vários escritórios, como o meu, têm incentivado o envio de seus integrantes ao exterior para um aperfeiçoamento que está ligado obviamente a criação de uma rede de trabalho que dificilmente seria construída no Brasil.

Assim como outros países que procuram no conhecimento e na tecnologia instrumentos de liderança na economia mundial, como Estados Unidos e França, o Reino Unido também tem buscado atrair ‘cérebros’ de todas as áreas do conhecimento. A estrutura e mesmo o conforto das universidades e bibliotecas é impressionante.

Todas as facilidades para o desenvolvimento de um estudo sério são concedidas aos estrangeiros, inclusive apoio médico e psicológico. Em contrapartida, as exigências de um alto nível de produção intelectual e conhecimento são grandes. Enganam-se os que pensam que a vida aqui é repleta de viagens e passeios. As bibliotecas estão abertas e lotadas de domingo a domingo.

Cada pessoa é também representante de seu país e uma saudável competição por um bom desempenho é inevitável. Para os que pensam na alternativa de um mestrado no exterior como investimento, a sugestão é considerar a experiência pessoal como gratificante e, no campo profissional, ter em mente que o céu e o limite para quem sai de uma renomada instituição com um bom diploma e um excelente nível técnico.