Primeira Leitura: representante do FMI elogia Lula e o governo.
27 de junho de 2002, 10h30
Elogio indireto
O porta-voz do FMI, Thomas Dawson, disse que o organismo recebeu bem “a recente expressão de apoio”, no Brasil, à manutenção “de políticas econômicas responsáveis no período pré-eleitoral, antes de um novo governo”.
É um elogio, ainda que indireto, à decisão de Lula, do PT, de se comprometer publicamente com o sistema de metas de inflação, com a responsabilidade fiscal e o cumprimento de contratos.
Bom desempenho
O representante do FMI elogiou ainda a “notável” performance econômica do Brasil e prometeu trabalhar com qualquer governo eleito que se comprometa com políticas econômicas sólidas.
Saindo da armadilha
As últimas declarações de membros da equipe econômica desmontaram a armadilha da satanização político-eleitoral do PT – um discurso que tinha começado com FHC e foi incorporado por Pedro Malan (Fazenda), Armínio Fraga (Banco Central), o candidato José Serra e a direção tucana.
Autofagia
A satanização era um exercício de autofagia política que alguns parlamentares tucanos, em minoria, ainda praticam – é a turma que tem pouco ou nada a oferecer ao debate eleitoral e crê que o eleitor é desprovido de capacidade de discernimento.
Outros números
A taxa de risco do Brasil bateu novo recorde e atingiu 1.695 pontos básicos, com alta de 3,92%. E daí? Em condições normais, a taxa de risco serve para medir o grau de solvência de um país para o investidor estrangeiro.
Como cessou o fluxo de investimentos para o Brasil, esse parâmetro, no momento, perdeu importância.
Missão prioritária
Enquanto isso, o dólar sobe porque é um bem escasso. E o BC faz o correto: não se preocupa com o preço, mas em garantir a liquidez do mercado. É só esse o papel que lhe cabe: administrar o mercado de câmbio e sinalizar que o Brasil, mesmo fragilizado, chegará até outubro – até as eleições. E nisso o BC está sendo bem-sucedido.
Tendência
As incertezas sobre o futuro da economia e o cenário adverso impediram o Conselho de Política Monetária de reduzir a taxa básica de juros na semana passada, segundo ata divulgada ontem.
O BC afirmou, no entanto, que a instabilidade não reflete os fundamentos econômicos e que, portanto, pode não interferir na trajetória futura da inflação, que é de queda.
Outro escândalo
A revelação de um megaescândalo contábil na Worldcom, uma das maiores empresas de telecomunicações dos EUA, fez os mercados americanos atingirem recordes de baixa.
A Nasdaq, onde as ações da empresa eram negociadas, caiu abaixo do nível imediatamente posterior aos ataques de 11 de setembro.
Ondas de choque
A descoberta da fraude de US$ 3,8 bilhões pode levar a Worldcom à falência. Isso seria um forte golpe para alguns dos maiores bancos americanos, credores de uma dívida de US$ 30 bilhões.
A débâcle da Worldcom é, no mínimo, tão grave quanto a da Enron e pode pôr em risco a recuperação da economia americana. Um problema que afetará também o Brasil.
Não, obrigado
Depois que o ex-presidente do STJ Costa Leite desistiu e que outros declinaram do convite, agora é um deputado estadual do PSB pernambucano, Jorge Gomes, que recusa a vaga de vice na chapa de Garotinho.
Nesse ritmo, daqui a pouco vão surgir adesivos com a inscrição: “Eu não fui convidado para ser vice de Garotinho”…
Assim falou…Armínio Fraga
“O próximo governo teria de fazer algo muito tolo para tirar o país dos trilhos.”
Do presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Em palestra a investidores estrangeiros, ele afastou qualquer pessimismo e sepultou de vez a tese, que chegou a pautar o governo, do risco de argentinização do Brasil.
Estava escrito
O líder palestino Yasser Arafat marcou para janeiro de 2003 as eleições para a presidência da Autoridade Palestina e pode concorrer à reeleição. Alguns dos prováveis candidatos foram objeto de uma reportagem da revista Primeira Leitura de setembro de 2001.
É o caso de Abu Mazen, “principal negociador palestino nos acordos de paz de Oslo”, que “desponta como forte candidato na corrida para substituir Arafat”, e de Marwan Bargouthi, “líder dos Tanzin (os paramilitares da Fatah) na Cisjordânia”.
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