Nota de repúdio

Juízes repudiam artigo de jornalista de O Estado de S. Paulo

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14 de junho de 2002, 18h32

A Associação Paulista de Magistrados (Apamagis) divulgou nota para repudiar artigo de José Nêumanne, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, no dia 5 de junho. “Não aceitam os juízes de São Paulo a pecha, segundo o articulista, de corruptos e que complementam os seus vencimentos ‘com as gordas propinas pagas pelas quadrilhas“, afirma a nota.

“Nesta hora, em que se percebe interesse sistemático em ataque às instituições, parece ser ocasião de perguntar: quem possui interesse específico em generalizar tais absurdos, a ponto de conduzir o público ao entendimento de que os inimigos do Estado não são mais os criminosos, mas, antes de todos, os juízes?”, questiona a associação.

Leia a nota divulgada pela Apamagis

NOTA DE REPÚDIO

A ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MAGISTRADOS – APAMAGIS -, a propósito dos termos empregados no artigo jornalístico publicado no Estado de S. Paulo e assinado por José Nêumanne em 5 de junho de 2002, vem dirigir-se à população brasileira, especialmente à de São Paulo, para apresentar veemente repúdio, em nome dos juízes estaduais.

Não aceitam os juízes de São Paulo a pecha, segundo o articulista, de corruptos e que complementam os seus vencimentos “com as gordas propinas pagas pelas quadrilhas“. Nesta hora, em que se percebe interesse sistemático em ataque às instituições, parece ser ocasião de perguntar: quem possui interesse específico em generalizar tais absurdos, a ponto de conduzir o público ao entendimento de que os inimigos do Estado não são mais os criminosos, mas, antes de todos, os juízes?

Qual interesse dessas pessoas que se dizem jornalistas e escritores em difamar, sem apontar onde se encontra a corrupção e quais são os juízes corruptos? Será que a venda de maior número de jornais, a fama de durões ou de profissionais arrojados justificam o mal que fazem para as pessoas sérias, para os juízes jamais corrompidos ou incorruptíveis (e, para o jornalista, saiba que são em número absolutamente maior do que a sua compreensão pode alcançar), para as suas famílias, para o meio social que freqüentam?

Porque o sistema jurídico permite a liberdade de imprensa, e os juízes são os maiores defensores desse princípio, não pode aceitar a publicação de palavras fáceis, não pensadas, não meditadas, que atingem toda uma coletividade de maneira genérica e que acabam por gerar a impunidade tanto criticada no artigo.

A APAMAGIS, portanto, vem, de público, reiterar seu repúdio, independentemente de outras medidas que deverá adotar, em face do conteúdo do artigo mencionado, exatamente para que a população não perca a esperança no último porto da defesa da cidadania, que é o Poder Judiciário no Brasil.

São Paulo, 14 de junho de 2002.

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