Quarta-feira, 24 de julho.

Primeira Leitura: Ciro não gosta de ser comparado a Hugo Chávez.

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24 de julho de 2002, 9h21

“Atalhos institucionais”

O presidenciável Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, falou a empresários, terça-feira, em São Paulo, e respondeu a duas análises feitas pelo site Primeira Leitura que questionam trechos de seu programa de governo e também as convicções democráticas de seu guru intelectual, Roberto Mangabeira Unger.

O texto que Ciro colocou na internet defende a antecipação das eleições e formas de democracia direta, como o plebiscito e o referendo.

Nega, mas não renega

Ciro negou que pretenda “apelar às massas de forma messiânica” e descartou qualquer semelhança com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez: “Quem admira Chávez é outro, não eu”, disse, referindo-se, indiretamente, ao petista Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo negando, reiterou o programa.

De barriga cheia

Embora tenha sido um dos candidatos mais poupados pelos analistas políticos até agora, o candidato se disse vítima de “perseguição da imprensa brasileira”, acusando o jornal Folha de S.Paulo de estar “a serviço de Serra”.

Quanto mais reza…

Ainda tenso com o resultado da pesquisa eleitoral Vox Populi em que Ciro Gomes aparece com 13 pontos de vantagem sobre o governista José Serra (PSDB), o mercado teve terça-feira duas más notícias: o recrudescimento da crise nos EUA, agora envolvendo o sistema bancário, e a decisão do banco de investimento JP Morgan de reduzir a recomendação para títulos brasileiros em seu portfólio de mercados emergentes.

Quebrando recordes

O JP Morgan cita o desempenho de Ciro nas pesquisas como uma das razões do rebaixamento. Outra seria a baixa perspectiva de o Brasil firmar, “de imediato”, um acordo de transição com o FMI.

A taxa de risco do país foi a 1.700 pontos básicos, aumento de 5%. O dólar bateu o recorde do Real, cotado a R$ 2,92 (alta de 0,48%). A Bovespa fechou em queda de 1,48%.

De que maneira?

O programa de governo do PT, lançado terça-feira na Câmara dos Deputados, mostra incoerências entre compromissos e planos de crescimento. Propõe um superávit primário de 3,75% ao ano e reajuste de 20% do salário mínimo já em 2003, além de afirmar que o país precisa seguir sua vocação de crescer 7% ao ano. Sem dinheiro de privatizações e com CPMF apenas simbólica.

Novo patamar

A crise de confiança que agita a economia americana – e, por extensão, a mundial – atinge o sistema financeiro: Citigroup e JP Morgan, os dois maiores bancos dos Estados Unidos, podem ter participado das bilionárias falcatruas contábeis da Enron.

Segundo investigação de uma comissão do Senado americano, as duas instituições sabiam que as transações realizadas pela empresa de energia poderiam ser problemáticas.

Assim falou…Ariel Sharon

“Foi um grande sucesso.”

Do premiê de Israel, referindo-se ao bombardeio que ordenou em Gaza, matando um líder da organização extremista Hamas e mais 14 palestinos – incluindo nove crianças.

Tudo é história

A partir de 1930, o movimento eleitoral brasileiro – à parte a interveniência de ditaduras, como de 1937 a 1945 e de 1964 a 1985 – se torna realmente de massas, até resultar na democracia política que temos. De maneira genérica, guardadas sempre as diferenças, há dois modelos de presidente: Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.

O modelo getulista testa as instituições até o seu limite e, se houver condições, não tem pejo em apelar para a ditadura. O outro faz questão de se manter nos estreitos limites da lei, ao menos da preservação da formalidade legal, e se pergunta até menos do que deve se todos à sua volta são realmente honestos como ele julga ser. Ciro Gomes pende para o perfil de Getúlio, enquanto FHC veste o figurino de Juscelino.

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