Sábado, 20 de julho.

Primeira Leitura: PT promete transição sem sobressaltos no governo.

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20 de julho de 2002, 8h26

Pela diferença

O PT vai divulgar nesta terça, em Brasília, as “peças fundamentais” do programa de governo do seu candidato à Presidência. No ato público, Lula deve dar ênfase às mudanças de políticas públicas propostas no documento.

Nova fase

A avaliação no partido é de que o candidato já assumiu os compromissos necessários para garantir que um eventual governo petista buscará uma transição sem sobressaltos. Agora seria a hora de Lula mostrar o que fará de diferente se vencer as eleições.

O que fica

No fim de junho, o Diretório Nacional do PT aprovou um documento com as bases do programa de Lula. Segundo foi divulgado à época, o texto afirma que um eventual governo petista manterá a inflação sob controle e prevê a possibilidade de o país crescer 7% ao ano.

O PT garante, no documento, que não quebrará contratos ou acordos estabelecidos e que os compromissos internacionais serão respeitados.

O que muda

Ao falar das mudanças, o partido evitou afirmar diretamente que promoverá uma ruptura com a atual política econômica. Segundo trecho do documento obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, o texto afirma que o PT fará desenvolvimento com justiça social, “numa ruptura com as tendências históricas da sociedade brasileira, altamente concentradora de renda e de riqueza”.

Semana cheia

Amanhã, véspera da apresentação dos principais pontos do programa de Lula, chega ao Brasil a número dois do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anne Krueger. Ela vai se encontrar com o presidente do BC, Armínio Fraga, com o ministro Pedro Malan (Fazenda) e com o próprio FHC.

Novo acordo?

A chegada de Anne Krueger ao país coincide com a conversa de Armínio com o candidato da Frente Trabalhista à Presidência, Ciro Gomes, e contribui para reforçar a idéia de que o FMI pode conceder novo empréstimo para país.

Agenda completa

A reunião entre Ciro e Armínio estava prevista para amanhã, mas ainda não estava confirmada. Com essa conversa, o presidente do BC terá falado com representantes dos três principais candidatos à Presidência. Anthony Garotinho, do PSB, parece ter ficado definitivamente para trás.

Condicional

Embora tenha sinalizado que pode referendar um novo acordo com o FMI, Ciro disse que não assina uma carta de intenções que preveja a manutenção do atual modelo econômico. Ainda assim, o movimento de Armínio – que também falou com Aloizio Mercadante (PT) e o presidente tucano, José Aníbal – contribuiu para indicar que o país pode ter uma transição de governo segura.

Clima positivo

Analistas europeus consideram que a visita de Krueger reforça os indícios de que o governo americano está disposto a ajudar o país. Mas observam que o efeito benéfico da notícia no mercado doméstico deverá ser de curto prazo, pois um eventual acerto com o Fundo não deverá ser finalizado logo.

Assim falou…José Serra

“Aquele agitador ainda está presente.”

Do candidato tucano à Presidência, ao lembrar, em um discurso em Taboão da Serra (SP), seus tempos como presidente da União Nacional dos Estudantes e no exílio de 14 anos durante a ditadura.

Tudo é história

Assim que tomar posse, em 1o de janeiro de 2003, o novo presidente não vai contar, nem de longe, com o apoio parlamentar que Fernando Henrique Cardoso teve no seu primeiro mandato. Em janeiro de 1995, FHC assumiu com o rolo compressor da base PSDB-PFL-PMDB-PPB-PTB pronto para reformar toda a ordem econômica da Constituição. Em todo o primeiro mandato nunca faltaram os votos de 3/5 de deputados e senadores – a porcentagem com que, por mais de uma vez, Ciro Gomes, candidato da Frente Trabalhista, disse querer governar o país.

Pois nenhuma aliança eleitoral em curso tem o estofo das alianças de FHC em 1994 e 1998, e todos os candidatos levarão tempo para negociar um apoio que dê estabilidade à nova gestão. Em um cenário otimista, o próximo Congresso poderá ter não mais do que 70% dos parlamentares mais influentes hoje.

Assim, o primeiro ano do novo presidente, pelo menos, será marcado por uma relação de estranhamento entre o Planalto recém-eleito e o Legislativo renovado.

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