Sexta-feira, 19 de julho.

Primeira Leitura: mercado aposta em ajuda de FMI ao Brasil.

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19 de julho de 2002, 9h30

Acordo à vista?

O mercado financeiro sofreu uma reviravolta quando foi anunciado que a vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anne Krueger, virá ao Brasil na semana que vem.

O dólar, por exemplo, que abriu o dia em alta, chegando a R$ 2,90, fechou em baixa de 1,62%, a R$ 2,85. E a Bovespa subiu 0,54%, mesmo com o mau desempenho das Bolsas americanas.

Explicação

A aposta do mercado é que a viagem de Anne Krueger, que vai se encontrar com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, significa que o FMI deve dar uma ajuda ao Brasil, que poderia chegar a US$ 10 bilhões. Teria sido por isso, e não por questões eleitorais, pensaram alguns, que o Banco Central decidiu reduzir os juros de 18,5% para 18%.

Sintonia

Os investidores e analistas também se animaram com o que pode se considerar uma sintonia entre a agenda de Anne Krueger e a do presidente do BC brasileiro, Armínio Fraga, que tem se dedicado a conversar com representantes dos candidatos à Presidência. Na semana passada, Armínio se reuniu, nos EUA, com autoridades do Fundo, do Fed (banco central) e do Tesouro americano.

PT com o BC

O deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) reuniu-se ontem com Armínio Fraga, para, segundo o petista, expor o compromisso do PT com a estabilidade. Mercadante disse que Armínio negou que esteja em curso a negociação de um pacto de transição com o FMI, mas não descartou uma negociação no futuro. “O FMI representa uma UTI, e nós devemos fazer de tudo para sair dessa UTI”, disse o deputado petista.

Que venha o FMI

Mas se for o caso, o PT não vê problema de recorrer mais uma vez a essa “UTI”. Enquanto o presidente do partido, José Dirceu, prosseguia em sua rodada de conversas com investidores e políticos nos EUA, o candidato petista à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, em Aracaju, afirmava que aceita fazer acordos com o Fundo. Foi-se o tempo do slogan “Fora FMI”.

Em casa

A família Sarney informou que vai apoiar Ciro Gomes. O candidato da Frente Trabalhista se aproximou de Roseana quando a pefelista desistiu de concorrer à Presidência.

Antes disso, porém, já havia uma ponte entre os dois: o ex-governador Tasso Jereissati, o tucano que mais defendia Roseana e que nunca se afastou de Ciro.

Mais um

O presidente do Fed (banco central americano), Alan Greenspan, bem que avisou na terça-feira: surgiriam mais casos de grandes corporações com contabilidade fictícia. Dois dias depois, o jornal The Washignton Post revelou que a AOL Time Warner, maior conglomerado de mídia do mundo, aumentou sua receita com “transações não-convencionais” entre julho de 2000 e maio de 2002.

Assim falou… Aloizio Mercadante

“Vocês conhecem o Congresso. Quando há acordo dá até troca de sexo. Eu ainda não vi, mas acho que dá.”

Do deputado petista sobre a possibilidade de o Congresso aprovar uma minirreforma tributária ainda neste ano.

Tudo é história

Em 1º de maio de 1994, o PT encerrava o seu 9º Encontro Nacional com a aprovação de uma proposta que, hoje, com certeza, provoca arrependimento a Lula, José Dirceu e companhia.

Numa negociação com os grupos mais à esquerda do partido, Lula e Dirceu deram apoio a um documento, aprovado com 80% dos votos aos gritos de “Fora daqui, o FMI”, em que se estabelecia que um governo petista tomaria “as medidas necessárias para levar à sociedade brasileira e aos fóruns internacionais apropriados a contestação dos acordos firmados com os credores e retomará negociações em termos compatíveis com os pressupostos” do programa de desenvolvimento do partido. É o PT mudou. Ou, como diz Lula, evoluiu.

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