Quarta-feira, 17 de julho.

Primeira Leitura: Ciro sobe em pesquisa e Serra se perde em hesitação.

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17 de julho de 2002, 9h49

Direita, volver!

Ao subir nas pesquisas, o presidenciável Ciro Gomes (PPS) começou a se credenciar como um anti-Lula. E a direita reacionária, aquela à qual pertencem políticos como ACM e Jorge Bornhausen, do PFL, que estava alijada até agora do processo eleitoral, percebeu e já aderiu.

Cavalo de Tróia

Irônico é o papel desempenhado pelo PPS, do senador Roberto Freire (PE). Tornou-se um Cavalo de Tróia da direita. Caso Ciro vença, tão logo o cavalo seja posto no Planalto, de suas entranhas sairão os “progressistas” do…PFL! Destino cruel para aquele que um dia foi o Partido Comunista Brasileiro

E Serra?

Enquanto Ciro sobe, a campanha do tucano José Serra se perde em hesitação, vazio de propostas e descrenças. O candidato não consegue mais do que ser apenas defensivo em suas aparições públicas.

Cheiro de traição

Terça-feira, o jornal Correio da Bahia, do ex-senador Antônio Carlos Magalhães, trazia o resultado de uma pesquisa feita pelo instituto GPP, que costuma trabalhar para o PFL: Lula, 35%; Ciro, 24%; Serra, 13%; Garotinho, 9%. Quem passou os dados? O prefeito César Maia, coordenador da campanha de Serra no Rio de Janeiro. Por quê? Há um cheiro de traição no ar.

Já acabei

Durante debate promovido pelo Comitê Olímpico, terça-feira, no Rio, Anthony Garotinho, usou apenas 20 dos 30 minutos que tinha a sua disposição. O candidato do PSB à Presidência, em baixa em todas as pesquisas e com muitos problemas na sua campanha, inclusive financeiros, deixou o local sem conceder entrevista.

Efeito Ciro

O primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), terça-feira, não mobilizou tanto o mercado quanto a espera pela pesquisa eleitoral do Ibope, divulgada no Jornal Nacional.

A esperada ascensão de Ciro Gomes, em prejuízo de Serra, desagradou investidores. O dólar fechou em alta de 0,48%, cotado a R$ 2,87. A Bovespa caiu 0,52%.

Juros iguais

O mercado não deu muita atenção para a reunião do Copom porque espera que a instituição decida manter os juros em 18,5% ao ano. Não há espaço para cortes agora.

A crise financeira externa não tem data para terminar, embora existam períodos de trégua. Já a crise interna, até a eleição, será apenas administrada pelo Banco Central. Por fim, a inflação deve ultrapassar a meta fixada para este ano (5,5%).

Ambição contagiosa

Em seu discurso no Senado dos EUA, o presidente do Fed (banco central americano), Alan Greenspan, disse que uma “ambição contagiosa” levou as empresas americanas a registrar lucros inexistentes em seus balanços, que agora, em meio aos escândalos, estão “paralisando a comunidade de negócios”.

Tudo bem…

Greenspan, porém, mostrou-se otimista e previu um crescimento maior da economia americana — entre 3,5% e 3,7% — e prometeu manter os juros baixos enquanto a recuperação não se consolida.

Mas seu discurso não evitou nova queda da Bolsa de Nova York, de quase 2%. E o dólar continuou perdendo valor em relação ao euro.

Bush em queda

A popularidade de George W. Bush caiu seis pontos percentuais em julho, para 62% — a pior marca desde 11 de setembro. No mesmo dia em que saiu o número, o presidente americano apelou para a guerra ao terror e enviou ao Congresso um novo plano de segurança, que inclui a possibilidade de militares atuarem mais agressivamente em território nacional.

Assim falou…Ciro Gomes

“O apoio do senador Antonio Carlos Magalhães é muito honroso para mim”.

Do candidato da Frente Trabalhista à Presidência ao comentar a adesão do ex-senador ACM (PFL-BA) a sua campanha.

Tudo é história

As dificuldades que o presidenciável do PSDB, José Serra, enfrenta em manter seus aliados faz lembrar o surgimento do termo cristianização, algo que aterroriza os políticos brasileiros.

Em 1950, o PSD lançou o mineiro Cristiano Machado a candidato a presidente, para concorrer contra o ex-ditador Getúlio Vargas, que disputava pelo PTB, e Eduardo Gomes, pela UDN.

Diante do poder eleitoral do ex-presidente, o PSD aderiu em peso a sua candidatura, deixando Machado à míngua. Getúlio venceu, e nasceu ali uma nova palavra no vocabulário brasileiro, cristianização.

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