Quarta-feira, 3 de julho.

Primeira Leitura: Malan dá receita para estabilizar a economia.

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3 de julho de 2002, 9h23

Pois é

O presidente do BC, Armínio Fraga, não só descobre como enfatiza o que significa, para o Brasil, a alta dependência de dinheiro de fora para conseguir pagar as contas – a chamada “vulnerabilidade externa”.

O país depende de crédito, e só tem crédito quem desperta confiança. O país vive, hoje, uma crise de confiança. Como diz Armínio, “não é possível desenvolver um país como o Brasil sem que saiamos dessa categoria de risco”.

Pior

Depois que Armínio Fraga tinha feito essa declaração, terça-feira, a agência de classificação de risco Standard & Poor´s rebaixou a nota do país.

Sintomas

Um dos sintomas dessa falta de confiança é a falta de liquidez no mercado de dólar. Na manhã de terça-feira, a moeda bateu em R$ 2,95. Depois, correram rumores de que o Banco do Brasil havia decidido passar pelo mercado parte da sua captação de US$ 300 milhões. O dólar cedeu e fechou cotado a RS$ 2,894, com queda de 0,2%.

À flor da pele

A taxa de risco do país subiu 4,5%, atingindo o patamar de 1.671 pontos básicos, enquanto a Bovespa caiu 0,4%. O nervosismo permanece, enfim.

Panos quentes

Apesar da tensão no mercado – ou por causa dela -, o FMI voltou a reiterar que o desempenho econômico do Brasil tem sido “forte, muito firme”. Também o subsecretário do Tesouro dos EUA, John Taylor, deu uma declaração de apoio: “Nós já enfatizamos que as políticas fundamentais estão no caminho certo e não vemos uma preocupação especial neste ponto”.

Autovacina

Em entrevista à Agência Estado, o ministro Pedro Malan (Fazenda) deu a receita para a consolidação da estabilidade econômica: fazer a reforma tributária, organizar uma política industrial, cuidar da área social… Ou seja, tudo o que oito anos de malanismo deixaram de lado para cuidar só do caixa do Tesouro.

Toma que o filho…

Malan não assumiu, na entrevista, a paternidade pelo atual cenário econômico. Mas sua gestão, que garantiu os superávits primários acertados com o FMI, deixou uma pesada conta, paga todos os dias pelos brasileiros na forma de aumento de preços atrelados ao dólar e de redução do emprego e da renda.

Comemorações

Para “coroar” a festa da volta da seleção brasileira, a Petrobras anunciou que o gás de cozinha sobe 6,2%…

Elogio raro

Lula elogiou o ministro do STF Nelson Jobim por rejeitar o pedido de abertura de inquérito contra o presidente do PT, deputado federal José Dirceu (SP), acusado de receber dinheiro de suposto esquema de propina em Santo André.

Para Lula, “ninguém pode ser condenado porque alguém disse, alguém achou”. É o PT a descobrir os males do denuncismo.

Voltas

Não é segredo que uma das fontes que procuraram desgastar Jobim foi justamente o PT, agora beneficiado por uma decisão do ministro. E, claro, Jobim nada mais fez do que seguir a boa consciência jurídica: em que pesem indícios fortes de que há algo de podre em Santo André, não há uma só e miserável prova contra José Dirceu.

Assim falou… Armínio Fraga

“Ainda não colamos grau na escola do risco”.

Do presidente do BC, ontem, ao destacar os problemas por que passa o Brasil por causa de sua vulnerabilidade externa. Segundo ele, o país precisa atingir o patamar de investment grade (seguro para investimentos), perante o mercado, nos próximos 30 meses.

Tudo é história

As imagens de arquivo que mostram o ex-presidente Emílio Garrastazu Médici recebendo a seleção tricampeã do mundo em Brasília, em 1970, exibem mais diferenças do que semelhanças com o que se viu ontem em Brasília.

Sem qualquer juízo de valor sobre a qualidade do futebol de uns e outros, os craques da Copa do México tinham o physique du role para aquele circo de capitalização política, pelos governantes de turno, da glória esportiva. A ditadura militar passou, mas o hábito de auferir dividendos políticos das vitórias nos gramados continua.

Os craques de 2002 seguem (ou quase isso) o script, mas não estão nem aí para a patriotada encomendada, preferindo as próprias piruetas e o contato direto com a torcida. Diferentemente dos “heróis do tri”, a seleção do penta já está globalizada.

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