Guerra de nervos

Representante de credores da Boi Gordo é detida em MT

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31 de janeiro de 2002, 19h55

Desde que o Grupo Boi Gordo entrou em concordata, diversas “associações de credores” surgiram. Naturalmente, interessadas em recuperar o capital investido. Eventualmente, movidas mais fortemente pelo interesse de seus dirigentes que de seus associados.

Na semana passada, por exemplo, fatos estranhos cercaram a presença da dirigente da Associação de Parceiros e Credores da Boi Gordo (APCBG), Cláudia Zelenkova, em Cuiabá. Ela teria sido detida no restaurante Money Money, conduzida coercitivamente à delegacia de polícia do 5º Distrito de Coxipó da Ponte e liberada depois de prestar depoimento ao delegado Wladimir Fransosi, com o compromisso de retornar para novos esclarecimentos.

Cláudia Zelenkova, em nome da APCBG, tornou-se fiel depositária de parte dos bens da Boi Gordo e, nessa condição passou a administrar a venda desses bens para, teoricamente, reverter o que se arrecadar em favor do associados da entidade – mediante comissão.

Os problemas com a polícia – que a assessoria de imprensa da entidade que dirige atribui a uma “armação” dos controladores da Boi Gordo – tiveram origem em múltiplas acusações: falsidade ideológica (ela teria se passado por advogada, segundo depoimento assinado de diversas pessoas); uso de bens da Boi Gordo em benefício próprio (ela passou a usar veículo arrestado para se deslocar); e de emitir cheques sem fundo, inclusive para supostos favorecimentos ilegais.

Cláudia nega que se tenha passado por advogada e a sua assessoria afirma que os cheques sem fundo “já foram todos pagos”. O automóvel, dizem, pode ser utilizado livremente pela depositária.

Segundo o site Mídia News, que a assessoria de imprensa da APCBG diz estar “comprado” pelo Grupo em concordata, o delegado Fransosi, que deteve Cláudia em uma lanchonete da cidade, o automóvel que ela utilizava deveria estar “retido em uma garagem e não circulando”. Segundo o Diário de Cuiabá, Cláudia foi proibida de deixar o Estado. O jornal relata que ela foi detida em flagrante quando se apresentava como advogada. O título da reportagem foi “Advogada de investidores da Boi Gordo é desmascarada em Cuiabá”

Segundo outra publicação, a Olhar Direto, Cláudia fez-se passar por advogada inclusive perante o juiz, o promotor e oficiais da PM. O veículo repete acusações semelhantes às que foram feitas por outros órgãos de imprensa e iguais as que foram registradas na polícia.

Na delegacia de Coxipó, já há seis registros policiais de queixas contra a presidente da APCBG.

Da confiabilidade e procedência das acusações de que há pessoas tentando tirar vantagem da situação, ainda há o que se apurar. O fato óbvio, por enquanto, é que os investidores prejudicados, desesperados por recuperar suas aplicações, tornaram-se presa fácil de aproveitadores.

A respeito das acusações de que Cláudia estaria negociando com as esperanças das vítimas da Boi Gordo, a assessoria de imprensa da Associação lançou nota nesta quinta-feira. Leia o seu teor:

“ALERTA À IMPRENSA E AOS ASSOCIADOS!

Alertamos aos Srs. Jornalistas da grande imprensa e aos Srs. associados a respeito de falsas notícias de que a diretora da APCBG teria sido presa por emissão de cheques sem fundos.

Tais notícias são completamente mentirosas e absurdas, propaladas com o manifesto propósito de difamar a nossa Associação, cujas vitórias na Justiça vêm incomodando muito a Boi Gordo.

Observem que a Boi Gordo vem disseminando e-mails reverberando a falsa notícia, plantada na imprensa marrom de Cuiabá.

Esclarecemos-os, ainda, de que todas as providências já foram adotadas para responsabilizar criminalmente os autores da difamação!

A tática da Boi Gordo é baseada no velho adágio pelo qual “Audacter calumniare, semper aliquid haeret” (“Calúnia ousada, sempre alguma coisa fica pegada”)!”

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