Sob suspeita

MP investiga tráfico de influência de amigo de Celso Daniel

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24 de janeiro de 2002, 15h33

O Ministério Público investiga há quase dois anos denúncias de enriquecimento ilícito e tráfico de influência envolvendo o empresário Sergio Gomes da Silva, ex-assessor e amigo do prefeito de Santo André, Celso Daniel, morto a tiros no domingo (20/1).

As denúncias contra o empresário, que dirigia a Pajero em que Daniel estava quando foi seqüestrado em São Paulo, foram apresentadas pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Santo André.

Segundo o sindicato, Sergio Sombra, como o ex-assessor ficou conhecido na cidade, teria recebido R$ 272 mil da Rotedalli Serviços e Limpeza Urbana, que há quatro anos venceu a licitação para coleta de lixo.

O contrato de um ano, firmado em dezembro de 1998 no valor de R$ 6,3 milhões, foi julgado irregular pelo Tribunal de Contas do Estado em 2000.

O TCE alegou “restrição de competitividade” para considerar o contrato irregular.

Para a procuradora da Cidadania de Santo André, Camila Mansur Magalhães da Silveira, o edital exigia capacitações técnicas em excesso.

Das trinta empresas que se inscreveram, apenas seis apresentaram proposta.

Destas, quatro foram consideradas inadequadas. A disputa ficou restrita à Enterpa, que realizava o serviço há 17 anos, e à Rotedalli, que venceu a concorrência.

“Ainda não confirmamos as denúncias de tráfico de influência e enriquecimento ilícito, mas continuamos trabalhando no caso”, disse ela.

A Rotedalli foi constituída em Catanduva (SP), 40 dias antes de Celso assumir o cargo. A empresa pertence a Ronan Pinto, que também é dono da Caxipó Transportes, com sede em Cuiabá, e da Transporte Vila Prudente, em São Paulo.

Silva, segundo as investigações, teria recebido dinheiro das três empresas para prestar serviços de consultoria.

Ele também é co-proprietário com Ronan de dois imóveis no valor de R$ 280 mil. Silva foi o principal assessor do prefeito de 1989 a 1992, durante o primeiro mandato de Celso, e de 1989 a 1992, quando ele se elegeu deputado federal. Por meio do assessor Marcílio Carneiro, Silva negou as acusações e disse não ter nada a esconder.

Além da Rotedalli, outras sete empresas estão sendo investigadas pelo Ministério Público.

Segundo os promotores, haverá cruzamento de informações com a apuração sobre a morte do prefeito.

Se for comprovada a acusação de tráfico de influência, será aberta uma ação judicial contra a prefeitura por improbidade administrativa.

Em 2000, o promotor Marcelo Santos Nunes, que conduziu as investigações até agosto de 2001, recebeu um dossiê, relacionando alterações patrimoniais de Silva. Os documentos citam outros empresários do setor de transportes.

Na época, o secretário municipal de Serviços Públicos, Klinger de Oliveira Souza, negou as acusações, insinuando que poderiam ter partido das empresas responsáveis por um cartel no setor da coleta de lixo. Entre elas, estaria, segundo Klinger, a Enterpa, que perdeu a licitação para a Rotedalli.

Fonte: Em Tempo Real

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