Extrato concentrado

Mercado de seguros brasileiros concentra-se ainda mais

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19 de janeiro de 2002, 6h40

Ao adquirir a Finasa, negociada no bojo da compra do controle acionário do Banco Mercantil de São Paulo, o Bradesco reforça a concentração do mercado de seguros no país.

“A Bradesco Seguros e a Sul América Seguros já detêm 41% do mercado brasileiro”, observa Eduardo Lemes, dirigente do Clube de Corretores de Seguros de Sorocaba e Região. Como as 12 maiores seguradoras dominam 80,91% do mercado de seguros do Brasil, alerta Lemes, “o consumidor fica à mercê de um pequeno grupo de seguradoras, o que pode caracterizar até cartel”.

Segundo o corretor de seguros paulista, esse tipo de controle do mercado, apesar da concorrência, permite que as bases estatísticas para a elaboração do prêmio de seguros fica concentrado mas mãos de poucas pessoas “que podem ditar a taxa para determinado risco”.

Com isso, explica Lemes, “as seguradoras com menor participação de mercado ficam sem uma referência própria para comparar as taxas uma vez que seu universo de clientes é bem inferior”. Esse movimento, a médio prazo, conforma o mercado a ficar cada vez mais concentrado – uma vez que os mecanismos tendem a atender apenas os interesses das grandes do setor.

“Creio que, em breve, o mercado segurador deve se reduzir à metade do tamanho atual” afirma Eduardo Lemes, destacando que esse processo pode ser acelerado caso não haja a privatização do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), cuja venda está encalhada no Supremo Tribunal Federal.

A base das operações da Finasa está em três estados. Mas é em São Paulo que a seguradora extrai 76,8% do faturamento, representando fatia de 1,04% sobre a atividade de seguros local. Outros 9,5% dos prêmios saem do Paraná, onde a empresa detém parcela de 1,37%. E no Rio Grande do Sul estão 8,4% da receita, equivalentes a 1,25% do seguro na região. Os três Estados concentram 94,7% do faturamento da empresa.

Nas vendas de seguros, que chegaram a R$ 137,2 milhões até outubro, a Finasa tem a produção alavancada nos ramos de automóvel, que responde por 48,3% do total; vida, com 22,8%; incêndio, com 13%; e acidentes pessoais, com outros 4,4%. Sua participação no consórcio DPVAT garante ainda mais 5,4% da receita. O índice de sinistralidade, por sua vez, é de 59,6%.

Deduzidas as despesas, o resultado operacional fecha no azul, com o índice combinado na casa de 96,4%, significando que a empresa ganha dinheiro com a sua atividade fim. Aliado ao resultado financeiro, índice combinado é melhor ainda, cai para 85,5%.

Os ativos da seguradora montam a cifra de R$ 164 milhões e o patrimônio líquido atinge quantia de R$ 35,9 milhões, pelos números da Susep, totalizados pela Federação Nacional dos Corretores de Seguros (Fenacor) até outubro último. Pela mesma estatística, o Bradesco encabeça o ranking das maiores do país.

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