Frade não praticou sexo com criança, afirma advogado.
16 de janeiro de 2002, 18h29
O frade Alexander Nicolaus Weber, de 35 anos, não molestou a criança de 6 anos, na Bahia, e está preso injustamente. Quem afirma é o advogado do acusado, João Gomes da Silva, que está pedindo na Justiça a libertação de seu cliente.
João Gomes alega que o frade não poderia ter sido preso em flagrante no dia seguinte aos fatos e refuta as declarações atribuídas à delegada Marinalva Neves Rocha, da 20ª Coordenadoria de Polícia de Brumado, de que Alexander Weber teria confessado a prática de atos sexuais com o garoto.
Em posse da cópia do depoimento do frade, o advogado afirma que o único fato admitido foi a produção de fotos do menino.
“O frade relatou que estava em seu quarto, na pousada Raposo, de Rio de Contas, com a porta aberta por causa do calor. Ele fazia fotos com uma máquina digital no momento em que a criança entrou e foi fotografada por ele”, diz João Gomes.
O advogado protesta contra o fato de a delegada ter enquadrado seu cliente no artigo 214 do Código Penal (“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal”), que vem a ser atentado violento ao pudor e cujas penas vão de 6 a 10 anos.
Para João Gomes, a delegada deveria manter apenas a imputação do delito previsto no artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente,(“fotografar ou publicar cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.”), cuja pena é de reclusão de 1 a 4 anos.
O frade Alexander está no Brasil há oito anos e durante esse período já passou por Fortaleza, Recife, Ceára e João Pessoa.
Em João Pessoa, a delegada de Repressão aos Crimes contra Infância e Juventude, Tereza Nogueira, ouviu depoimentos de ex-funcionárias da Escola Frei Severino que fica localizada em Rangel, onde o frade trabalhou durante mais de um ano.
De acordo com a delegada Marinalva Neves, os depoimentos dos ex-funcionários da escola e dos pais dos alunos serão essenciais nas investigações do caso do frade franciscano Alexander Weber.
“Estamos investigando toda a vida do frade Alexander no Brasil. Pedimos um levantamento de toda a sua vida em todos os locais onde ele morou e trabalhou e caso venhamos a encontrar a situação dele piorará ainda mais”, afirmou a delegada de Brumado.
A denúncia
O frade Alexander Weber foi preso na sexta-feira depois de ter sido denunciado pela mãe do garoto de seis anos, alegando que a criança teria sido molestada por ele. Segundo informações da delegada Marinalva, o frade confessou ter praticado sexo com a criança, que estava hospedada com os pais na mesma pousada que ele.
A polícia apreendeu ainda 4 filmes e 17 disquetes que estava junto com frade. O material está sendo periciado em Salvador.
A polícia baiana também investiga a possibilidade de o frade Alexander Weber ter disponibilizado fotos de crianças na Internet.
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