
Desafio à vista
A última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do governo FHC torna evidente o desafio do primeiro ano do governo Lula: conter a inflação, ainda que tenha de esquecer as promessas de campanha e elevar mais os juros, logo de saída.
A conta da luz
Segundo o Copom, a desvalorização do real neste ano, em relação ao dólar, vai chegar aos preços administrados em 2003. No caso das tarifas de energia elétrica residencial, o aumento projetado para o primeiro ano do governo do PT é de 30,03%. O conjunto dos preços administrados e monitorados deve subir nada menos do que 13%. Por essa razão, principalmente, as expectativas de inflação para 2003, coletadas pelo BC, aumentaram de 9,8% em novembro para 11%, em dezembro.
Já em janeiro
Neste mês, o BC aumentou a taxa básica de juros de 22% ao ano para 25%. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 21 e 22 de janeiro, já sob o comando do novo presidente da instituição, Henrique Meirelles, e com Antônio Palocci no cargo de ministro da Fazenda.
Mais Palocci
O desafio de conter a inflação reforça, naturalmente, o grupo de Palocci no governo. Primeiro, por colocar a área econômica em evidência, em detrimento dos demais ministérios. Segundo, por fortalecer o grupo do PT que, como ele, defende a manutenção da política econômica do atual governo por temer que um recrudescimento da crise financeira inviabilize o governo Lula.
Montando o gabinete
O governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou ontem seu novo secretário da Fazenda: Eduardo Guardia, atual secretário do Tesouro Nacional. Alckmin já tinha indicado outros dois nomes de expressão nacional para sua nova equipe, o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira, e Andrea Calabi, ex-presidente do BNDES.
Estratégia eleitoral
De olho nas eleições presidenciais de 2006, Alckmin busca formar um novo pólo de poder ao indicar um secretariado com "estatura de ministério" - nas palavras do próprio governador - para disputar o controle do PSDB nacional e garantir a sua indicação ao Planalto.
Solidariedade
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que considera a ajuda brasileira ao governo da Venezuela um ato de solidariedade ao povo daquele país. A afirmação foi uma resposta à oposição venezuelana, que criticou o apoio do Brasil ao governo de Hugo Chávez, pressionado por uma greve geral iniciada em 2 de dezembro.
"Torcida"
"Não sei por que a oposição reclama. Torcemos para a Venezuela resolver seu problema da forma mais democrática possível", afirmou Lula, que enviou ao país, na semana passada, seu futuro assessor para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, para acompanhar a crise.
Confusão
Marco Aurélio Garcia disse ontem que a ajuda ao país vizinho não é uma interferência em assuntos domésticos, "como querem alguns setores mais nervosos da oposição" venezuelana. Para Primeira Leitura, porém, o assessor de Lula falou o que não devia: em missão quase oficial, não lhe cabe desqualificar a oposição venezuelana, como fez em Caracas.
Assim falou... Antônio Palocci
"Não precisamos de ministro reclamando, mas de ministro trabalhando."
Do futuro ministro da Fazenda, ao concordar com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que não ficará lamentando a falta de recursos.
Estava escrito?
O futuro ministro do Planejamento, Guido Mantega, disse estar "moderadamente otimista" em relação a 2003. Segundo o economista, o crescimento da economia brasileira no ano que vem deverá ser apenas razoável. Antes de ser nomeado para o ministério, porém, Mantega chegou a prever avanço de 2% a 3,5% do PIB no primeiro ano do governo Lula.
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