‘Situação rotineira’

Procuradores são ameaçados de morte no Espírito Santo

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9 de agosto de 2002, 13h54

Os procuradores da República que atuam na missão especial de combate ao crime organizado no Espírito Santo estão sofrendo ameaças de morte. A informação foi confirmada pelo procurador Ronaldo Albo, um dos integrantes do grupo, que chegou na tarde de quinta-feira em Vitória. Ele relatou que, há cerca de dez dias, um dos integrantes da missão – o nome não foi revelado – recebeu um bilhete que tentava intimidar o trabalho dos procuradores.

O conteúdo desse bilhete está sendo mantido em sigilo. O material está sob investigação. A Procuradoria da República quer saber quem é o autor da ameaça, mas Albo já garantiu que nada intimidará os trabalhos da missão.

“Isso não nos assusta. Vamos continuar trabalhando. Se quiserem ameaçar, que ameacem. Não há problema nenhum. Não recuaremos um milímetro. Parece-me até que funciona ao contrário: quanto mais ameaçados, mais trabalhamos”, afirmou Albo.

Segundo o procurador, nem mesmo o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, ainda tem conhecimento da ameaça, já que eles a consideraram “rotineira”. “Essa é uma tática que usam para nos intimidar. Só que conosco não funciona”, assinalou.

O subprocurador-geral da República José Roberto Santoro, que coordena os trabalhos da missão no âmbito do Ministério Público Federal, também desembarcou no Estado ontem à tarde. Segundo Albo, Santoro encarou o conteúdo do bilhete “com naturalidade”.

Ao todo, cinco procuradores integram a missão especial. Além de Albo e Santoro, o procurador-chefe da República no Espírito Santo, Henrique Herkenhoff, e os procuradores Marcelo Serra Azul e Roberto Ferreira também foram escalados para atuar no combate ao crime organizado.

Os procuradores não são as únicas autoridades que estão sob ameaça no Espírito Santo. O presidente da seção capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Agesandro da Costa Pereira, e diversos conselheiros da entidade são vítimas de ameaças feitas por cartas e por telefone e já sofreram até perseguições nas ruas.

Três juízes da Vara de Execuções Penais de Vitória também sofreram ameaças recentemente. Um suspeito, inclusive, quase invadiu a casa de um dos magistrados. Há ainda casos de delegados que vivem sob proteção.

Fonte: Gazeta do Espírito Santo — Andréia Lopes

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