11/4/2002

Primeira Leitura: sistema de reajuste da Petrobras significa indexação

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11 de abril de 2002, 9h41

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O combustível da inflação

A divulgação do índice oficial de inflação (IPCA) de março – 0,6%, bem acima do esperado pelo mercado – marca o começo do fim da alucinação que tomou conta da Petrobras. A gasolina subiu 4,16% no período, aumento que foi o principal culpado pelo estouro do índice.

A velha indexação

O presidente da Petrobras se apressou a dizer que a empresa poderá rever os critérios de reajuste dos preços dos combustíveis, pelo menos quanto à periodicidade.

A verdade é que o sistema de reajustes quinzenais automáticos imposto pela Petrobras, o “gatilho”, nada mais é que uma indexação, um privilégio dos monopólios e teoricamente abolido na economia do país.

Livre?

O argumento da Petrobras para o gatilho – o mercado livre – não se sustenta. A empresa continua a ser monopolista de fato, e o bom senso exigiria que os preços fossem controlados pelo governo.

Ressaca

A alta dos preços do petróleo afeta a política de juros do Banco Central, e não exatamente por causa da inflação, mas pela possibilidade de reduzir ou abortar o processo de retomada do crescimento global.

Calma democrática

O BC anunciou a emissão de US$ 1 bilhão em bônus globais, e o mercado de câmbio decidiu desprezar o chamado “risco-eleição”: a cotação do dólar caiu 0,70%, para R$ 2,26.

Esse comportamento contrariou a previsão de analistas, que esperavam um dia de negócios pressionado pelo resultado da pesquisa Datafolha que mostrou vitória de Lula (PT) em primeiro e segundo turnos, caso as eleições fossem hoje.

Outros tempos

Não foi apenas o mercado financeiro que deu pouca importância ao assunto. Em outra saudável demonstração de respeito à democracia, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) informou que o empresariado não está nem um pouco preocupado com nomes de candidatos, mas sim com propostas.

Foi para o brejo

A vaquinha de São Luís – a lista dos supostos doadores da campanha de Roseana Sarney, divulgada para justificar o R$ 1,34 milhão encontrado no escritório da Lunus – virou motivo de chacota no Congresso. Até ACM, tradicional cacique pefelista, rompeu seu silêncio para dizer, numa entrevista, que a presidenciável de seu partido não foi convincente ao explicar a origem do dinheiro.

Retirada estratégica

O PFL continua a dizer de público que a candidatura de Roseana está mantida, mas o comando do partido, analisando as repercussões da pesquisa Datafolha e da lista de supostos doadores, considera inviável mantê-la na disputa pela Presidência.

Desmonte

A fragilidade da candidatura chegou a tal ponto que o partido pôs em banho-maria a idéia de inaugurar o comitê de Roseana, em Brasília, no próximo dia 16. Nesta sexta, o PFL vai analisar se deve ou não abrir o comitê.

Assim falou…Raul Haidar

“A generosidade humana, como se sabe, não tem limites.”

Do advogado tributarista e conselheiro da OAB-SP, em entrevista à rádio CBN sobre o caso Lunus/Roseana/Murad, numa ironia sobre as normas que regulam doações no Brasil.

Tudo é história

Quando Ariel Sharon fez a fatídica visita à Esplanada das Mesquitas (como é chamada pelos muçulmanos) ou Monte do Templo (segundo os judeus), em 28 de setembro de 2000, e provocou a atual intifada palestina, já se discutiam datas para a declaração do Estado palestino, malgrado o fracasso da cúpula de paz em Camp David, no meio do ano.

Mais de mil mortos (palestinos, em sua maioria) e um ano e meio depois, a extrema direita israelense, que colocou Sharon no poder em um Israel à beira de um Estado palestino autônomo, conseguiu adiar para um futuro incerto a sua criação.

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