9/4/2002

Primeira Leitura: PT se firma como um partido da ordem

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9 de abril de 2002, 9h19

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A nova ordem

Enquanto o PFL rima oposição com chantagem e delira ao tentar vincular os rumos da investigação do caso Roseana/Lunus/Usimar às votações no Congresso Nacional, o PT se firma como um partido da ordem.

Em programa no horário gratuito, na segunda-feira (8/4), Lula avisou que o partido não vai tolerar atos de violência no campo – em uma alusão à invasão da fazenda dos filhos de FHC pelos sem-terra – e reafirmou seu compromisso com a estabilidade, aliada ao crescimento econômico e à distribuição de renda.

É o fim!

A cara-de-pau desse pessoal parece não ter limites: não é que o marido de Roseana, Jorge Murad, voltou ao governo do Maranhão – como secretário de Ciência e Tecnologia, veja só… – e ganhou foro privilegiado?

A manobra dificulta a investigação do envolvimento do governo maranhense no financiamento fraudulento, pela Sudam, do projeto Usimar. O projeto, no valor de R$ 1,3 bilhão, foi aprovado com o empenho especial de Roseana e do marido.

O partido da desordem

Ao dizer que não vota nada até amanhã – atrasando a aprovação de coisas como a prorrogação da cobrança da CPMF -, quando o colégio de líderes vai discutir a intimação de Roseana Sarney pela PF no caso Usimar, o PFL tenta chantagear o governo FHC e aposta na desestabilização das contas públicas.

Carona

No programa de TV que foi ao ar em Brasília, ao qual Primeira Leitura teve acesso prévio, Lula falou de programas lançados pelo PT que viraram “sucesso” e incluiu na lista duas bandeiras do candidato tucano ao Planalto, José Serra: os remédios genéricos e o combate à Aids.

Empréstimo

No pronunciamento comum a todos os Estados, Lula fez uma paráfrase do histórico discurso do líder negro americano Martin Luther King e disse: “Eu sonho. E acredito que é possível transformar o sonho em realidade”.

O discurso do americano (“Eu tenho um sonho…”) é uma das citações favoritas do senador Eduardo Suplicy, que disputou com Lula as prévias presidenciais do PT.

Até o fim

Em discurso no Parlamento, segunda-feira, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, disse que a ofensiva militar nos territórios palestinos vai continuar até completar “sua missão”: “Prender terroristas e, principalmente, seus mentores e aqueles que os financiam e apóiam”.

Dilema

A Rádio Israel, citando fontes militares, disse que as tropas sairiam de Qalqilya e Tulkarem, duas das primeiras cidades invadidas há dez dias, quando começou a ofensiva do Exército israelense. A idéia foi acalmar Bush, que se disse ignorado pelo premiê, mas a Casa Branca já mandou sinais de que essa retirada parcial não resolve.

Assim falou…Romano Prodi

“A situação na Cisjordânia está rapidamente se tornando um desastre humanitário”.

Do presidente da Comissão Européia, segunda-feira. Segundo Prodi, se a crise no Oriente Médio continuar, a União Européia poderá rever seu acordo de cooperação comercial com Israel, para pressionar Ariel Sharon a desocupar os territórios palestinos invadidos pelo Exército.

Ironias da história

Houve um tempo em que o então presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Mário Amato, dizia que 800 mil empresários deixariam o país se Lula fosse eleito. Hoje, diante da chamada “conversão propositiva”, o PT se mostra cada vez mais uma alternativa de poder que não ameaça a estabilidade e a governabilidade.

O PFL – encastelado no poder há 500 anos -, que sempre foi visto por conservadores dos mais diversos matizes como a âncora da credibilidade, da confiabilidade, faz agora política com o fígado: seu comportamento no Congresso, atrasando a prorrogação da CPMF, ajudou a jogar o mercado financeiro para baixo, segunda-feira.

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