Vice disputado

Costa Leite deve somar votos para Garotinho, diz deputado.

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5 de abril de 2002, 15h11

“Um vice que qualquer candidato desejaria”. Essa expressão não é minha. É da jornalista Teresa Cruvinel, na sua coluna Panorama Político, de O GLOBO, edição de 3 de abril. Infelizmente, os maranhenses não estão mais tendo acesso a esse diário de circulação nacional nem aos artigos da brilhante colunista (eram publicados na página 2 d´ “O ESTADO DO MARANHÃO”).

O jornal da família Sarney, embora tenha adquirido os direitos de reproduzi-los, resolveu sistematicamente censurá-los, decerto em razão de algumas notas que desagradaram à Governadora do Estado e presidenciável do PFL (continuará sendo?), publicadas na referida coluna.

Referia-se a jornalista ao Ministro Paulo Roberto Costa Leite, que deixou a presidência do Superior Tribunal de Justiça, aposentando-se daquela Corte, e ingressou, no dia 4, no PSB, como pré-candidato a Vice-Presidente da República, companheiro de chapa de Anthony Garotinho.

Se concordo com o conceito, não me parece inteiramente acertado o complemento com que a colunista conclui sua frase, ainda referindo-se a Costa Leite: “Não soma votos, mas agrega em conceito”. Não tenho dúvida que o nosso candidato a Vice-Presidente agrega, e muito, em conceito. Mas não me parece que não some votos.

Certamente todos aqueles que têm consciência jurídica, especialmente advogados, membros do Ministério Público, magistrados, puderam testemunhar a conduta exemplar do Ministro Costa Leite no exercício da presidência do STJ, e também, por certo cogitarão votar em chapa por ele integrada.

Mais que isso: muitos haverão de recordar o desassombro com que Costa Leite defendeu o cumprimento do Estado Democrático de Direito, questionando o procedimento malicioso do Executivo, em vários casos sujeitos à jurisdição do STJ. Agora, com o mesmo desassombro, e liberado das funções judicantes, demonstrou, na entrevista coletiva que deu três horas depois da transmissão do cargo de Presidente do Tribunal, aguçada sensibilidade para lutar pelo resgate da imensa dívida social que o Brasil tem com a maior parcela de sua população. E parece-me inegável que uma parcela do eleitorado, certamente formadora de opinião, será sensibilizada por propostas nesse sentido.

Ademais, o diferencial de Costa Leite se expressa, também, pela sua reputação inatacável. Essa (ou melhor, a ausência de históricos pessoais de comparável integridade), segundo a imprensa, tem sido o problema mais grave na escolha de um vice nordestino, do PMDB, para o candidato Serra. Já foi, em outros pleitos, motivo para mudanças na chapa majoritária.

Costa Leite colocou, na mesma entrevista em que assumiu a pré-candidatura, à disposição de todos, seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. “Sou um homem de bem, que pode apresentar sua declaração de renda para quem quiser”, disse na mesma entrevista.

O Partido Socialista Brasileiro saúda, com indisfarçável orgulho, seu mais novo militante, nobre jurista de sólido compromisso com a justiça social.

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