4/4/2002

Primeira Leitura: tititi sobre suposta crise tucana não se sustenta

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4 de abril de 2002, 9h33

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Muito barulho por nada

Apesar do tititi na mídia sobre uma suposta crise na candidatura do PSDB ao Planalto depois do recuo de Jarbas Vasconcelos (PMDB) – que desistiu de ser o vice de José Serra -, o percalço não altera a estratégia das cúpulas partidárias.

A versão de que o PMDB desembarcaria da aliança com os tucanos não se sustenta: se aderiu quando Serra estava com 14 pontos nas pesquisas, a legenda sairia agora que ele está crescendo e já chegou a 19 pontos?

Política real

Claro, Jarbas era o vice ideal: além de ser do Nordeste, é bom de voto e não tem denúncias de corrupção nas costas. Na falta do ideal, porém, PSDB e PMDB vão atrás do candidato “real”. É assim mesmo que funciona.

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A reunião de quarta-feira (3/4), em que tucanos e peemedebistas reafirmaram a decisão de unir as legendas em torno da candidatura de Serra, teve um caráter profilático, para tranqüilizar o ambiente em busca de um nome alternativo para compor a chapa presidencial.

Alguém que mantenha a unidade mínima do comando do PMDB e não ressuscite nem a idéia de candidatura própria nem da “chapa camarão” – segundo a qual o partido não teria candidato ao Planalto e faria, nos Estados, as alianças que quisesse.

Por enquanto

Pelo menos por uns 60 dias, toda essa questão é irrelevante para o crescimento da candidatura de José Serra. Seu avanço nas pesquisas de intenção de voto tem acontecido em decorrência do apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Então ta

O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, disse em reunião do partido que não vai apoiar Serra nem se ele for para o segundo turno. “Serra não tem viabilidade eleitoral”, afirmou. Ah, sim: o cenário mais provável, hoje, é um segundo turno com Serra e Lula…

Nau à deriva

O PFL ainda não se deu conta do estrago que está fazendo contra si mesmo. Tradicional âncora de estabilidade para as elites, cometeu o erro trágico de fazer política com o fígado. Ao criar chicanas para impedir a votação da CPMF, joga fora um patrimônio construído ao longo de décadas, desde quando atendia pelo nome de UDN.

Assim falou… o Vaticano

“(O papa) rejeita a situação injusta e humilhante em que os palestinos são obrigados a viver assim como a represália e os ataques vingativos que apenas alimentam o sentimento de frustração e o ódio”.

Do comunicado da Santa Sé, que faz críticas a Israel e condena o terrorismo – em uma referência à onda de atentados suicidas no Oriente Médio.

Tudo é história

A escalada da violência no mundo palestino só encontra correspondente na reação da população da Argélia ao colonizador francês. A guerra argelina de libertação opôs dois dos maiores intelectuais do século 20: o francês Jean-Paul Sartre e o franco-argelino Albert Camus.

O entusiasmo que Sartre demonstrava pelos “libertadores” argelinos irritava Camus. A história, de algum modo, viria a dar razão ao segundo. Convenha-se que, deixada à própria sorte, a Argélia está longe de ser um exemplo de civilização e de convivência democrática. A questão é saber se vivia muito melhor quando os franceses lá estavam.

A resposta, parece, é “não”. E, ainda que vivesse, não se pode impedir um povo de viver seus próprios anseios porque isso há de ser ruim para ele. Assim, se a Autoridade Palestina é ou não um exemplo de civilidade política, é algo que deve ser resolvido pelos palestinos. Se Camus tinha a razão, digamos, moral para desconfiar dos libertadores argelinos, Sartre tinha a razão prática ao apoiar o movimento de independência.

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