Impacto global

Atentados nos EUA geram clima de guerra no mundo todo

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11 de setembro de 2001, 10h39

O inimaginável ataque a alguns dos endereços mais importantes do planeta, nos Estados Unidos, nesta terça-feira (11/9) provoca impacto no mundo todo. E faz pensar no que vem pela frente.

Uma previsível reação militar poderá tropeçar na dificuldade em localizar inimigos que podem estar em qualquer parte do mundo. A tentativa de aniquilar o suposto quartel-general das iniciativas, no Oriente Médio, poderá desencadear novas investidas como as que foram desfechadas nesta terça.

No calor dos acontecimentos – momento propício para exageros e até alguma histeria – é possível, no entanto, conjeturar sobre raciocínio simples. O efeito imediato dos atentados deverá ser um enrijecimento dos sistemas de segurança em toda parte. O que significa viver em um mundo mais difícil que o atual.

Politicamente, o episódio aponta para uma possível reação conservadora. A ação contra o núcleo mundial do capitalismo pode pesar negativamente sobre candidaturas de esquerda em todas as próximas eleições. No Brasil, inclusive.

Leia o relato dos atentados produzidos pela Folha Online

A série coordenada de atentados terroristas atingiu alguns dos principais símbolos dos Estados Unidos. O World Trade Center, no coração de Nova York, foi derrubado por dois aviões que se chocaram contra as suas duas torres. Em Washington, o prédio do Pentágono (sede das Forças Armadas) também foi atingido por uma aeronave. Explosões atingiram também o edifício do Congresso americano. Ainda não se sabe o número de vítimas dos atentados.

Nenhum grupo terrorista, até agora, assumiu a autoria dos atentados. Os EUA podem declarar guerra ao país que abrigar a guerrilha responsável pelas explosões.

Essa é a maior série de atentados já vivida pelos Estados Unidos. Todos os principais prédios oficiais e centros econômicos foram evacuados. Às 11h (horários de Brasília), uma grossa nuvem de fumaça se espalhava por quase toda a área de Manhattan.

A intensidade e coordenação dos atentados foi tão grande que as autoridades dos EUA não conseguiram evitar novos crimes mesmo depois de o país estar em alerta total. Depois de evacuados os prédios oficiais, ainda houve a explosão de um carro-bomba fora do Departamento de Estado, e um avião de passageiros, provavelmente seqüestrado, desapareceu na Pensilvânia. Também havia a informação, de uma fonte do FBI, de que um avião sobrevoava o Pentágono.

As torres do World Trade Center, um dos maiores símbolos do capitalismo mundial, foram atingidas por ataques “kamikaze”. Primeiro, uma das torres foi atingida por um avião. Menos de meia hora depois, um avião de passageiros chocou-se contra a outra torre. Cerca de duas horas depois, ambos os edifícios desabaram.

As torres gêmeas do WTC, que valiam US$ 3,2 bilhões, foram alvo de outro atentado terrorista, em 1993, que deixou seis mortos. Dessa vez, o saldo da tragédia deve ser maior. Testemunhas afirmam terem visto pessoas se atirando do alto das torres no momento das explosões. Cerca de 40 mil pessoas passam pelo World Trade Center diariamente.

Uma fonte militar ouvida pela rede de televisão CNN disse que os EUA podem declarar guerra ao país que abrigar o grupo terrorista responsável pelo atentado. Todas as facções palestinas negaram ter tomado participação na série de explosões.

Os efeitos da série de atentados foram sentidos em todo o mundo. As Bolsas do mundo despencaram. A Bovespa, após cair mais de 9%, encerrou as operações. Um avião da TAM que se dirigia de São Paulo para Miami teve de retornar para o Brasil.

Leia o relato emocionado do diretor teatral GERALD THOMAS, que vive em Nova York, produzido para o Jornal Folha de S.Paulo

Estou vendo da minha janela (meu apartamento é localizado diretamente no East River, em frente as torres gêmeas chamadas de World Trade Center) uma tragédia proporcional a uma guerra mundial. Os fatos até agora (são 9h30 da manha) dois aviões ‘propositadamente’ se lançaram contra cada uma das duas torres. Sabe-se que um é da American Airlines, um Boeing 767 vindo de Boston. O presidente Bush acaba de falar a nação. Expressão vazia, como se fosse uma marionete pega de surpresa, falou o óbvio, mas deixou claro que se trata de terrorismo.

O Pentágono, em Washington, também esta pegando fogo. Parece que foi um avião também que deliberadamente se lançou sobre o centro da inteligência da Segurança Nacional Norte Americana. Essas palavras todas podem tomar qualquer tipo de conotação e forma, mas a tragédia que vejo da janela e o medo que estou sentindo rompem uma longa e orgulhosa tradição que mantinha os Estados Unidos invictos de ter uma ‘Guerra em Casa’.

O ataque solitário sobre o mesmo World Trade Center em 92 ou 93, quando uma van na garagem do prédio explodiu (fundamentalistas islâmicos) gerou imagens apavorantes, mas não arranhou a superfície do orgulho americano. Hoje, com a direita no poder, isso poderá ter mudado para sempre.

Não sei se estou enlouquecendo, mas (ouvindo o que dizem os experts na televisão) as imagens que vejo e o que pressinto é que esse é o possível ataque massivo aos Estados Unidos e pode, muito bem representar uma próxima grande guerra.

É claro que ainda é cedo para se especular sobre o que está acontecendo. Nesse exato momento, ouço algum repórter dizendo que um shopping center em Washington também foi atacado. Todos os aeroportos americanos estão fechados. Todos os metros e pontes que levam a Manhattan estão paralisados. A catástrofe é monumental. Nunca se viu essas imagens em casa.

A essas alturas (agora são 9h43) o fogo e a fumaça já estão consumindo a maior parte das torres gêmeas. Aqui da mesa do computador olho temerosamente para o Empire State Building (literalmente na frente da minha janela direita) imaginando.

Meu Deus do céu! Uma das duas torres acaba de cair. Colapsou. Não sei se conseguirei escrever esse artigo ate o fim, pois nunca estive numa situação igual a essa. Uma das torres simplesmente caiu. Não ha maneira de calcular o numero de mortos. Mais de 150 mil pessoas trabalham nas duas torres. Uma estação de trem subterrânea e 13 linhas de metrô se encontram no subsolo do prédio, que também é a sede nova-iorquina da CIA e da FBI.

Os Estados Unidos estão sendo atacados. É Pearl Harbor em sua versão 2001 apocalíptica. É inacreditável o que estou vendo. Da minha janela só vejo uma torre do World Trade Center. A outra está no chão. É evidente que o número de mortos supera qualquer estatística ou ataque parecido ocorrido em um só dia em qualquer guerra de porte internacional.

Vou encerrar esse artigo com um medo que nunca tive. Cidadão americano orgulhoso, sempre acreditei ser esse o paraíso seguro onde essas coisas seriam impossíveis. A nossa história mudou para sempre. Não sei mais o que escrever. Estou em prantos e God Bless América.

Volto a escrever agora. A segunda torre do World Trade Center caiu. A estimativa é de 20 mil mortos. O Pentágono e o Capitol Building em Washington foram atacados. Um avião circula em cima da Casa Branca. Shoppings centers pelos Estados Unidos inteiro estão em chamas. Da minha janela, simplesmente desapareceram os dois monumentos mais imponentes do skyline mundial. O World Trade Center acabou.

É como se a Torre Eifel ou o Big Ben caíssem. Não há dúvidas de que hoje começa uma guerra mundial. Bush certamente mandará mísseis para alvos no Oriente Médio. E outros mísseis voarão na nossa direção, aqui em Nova York e nas principais cidades americanas.

Pode ser o fim.

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