Desvio de atenção

ACM diz que CPI ganha mais força com retomada do caso Marka

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21 de maio de 2001, 0h00

O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) espera que a retomada do caso Marka desvie o foco da investigação sobre a violação do painel eletrônico do Senado e lhe dê mais tempo para tentar evitar a cassação. ‘Isso é evidente. O cenário agora mudou e a CPI ganhou mais força’, disse.

ACM qualificou como ‘muito graves’ as denúncias publicadas no sábado (19/5) pela revista Veja de que o ex-diretor do Banco Central Francisco Lopes vendia informações privilegiadas ao mercado e foi chantageado em janeiro de 1999 pelo banqueiro Salvatore Cacciola, que dispunha de gravações comprovando o crime. ‘É preciso apurar isso imediatamente’, afirmou. ACM caminhava pelas ruas de Salvador no sábado pela manhã quando recebeu a notícia. ‘Xi, que horror, hein? Meu Deus!’, exclamou o pefelista.

Mesmo diante da gravidade das denúncias, ele disse que por ora não vai assinar o pedido para instalar a CPI da Corrupção no Senado, nem mesmo se o requerimento for alterado para incluir o caso Marka. O banco, de Cacciola, apostou que o real não seria desvalorizado em janeiro de 1999. Para não quebrar, recebeu ajuda de R$ 1 bilhão do BC.

Reação presidencial

Em nota oficial divulgada ontem, o porta-voz da Presidência da República, Georges Lamazière, afirma que o governo não trabalhou para abafar o socorro ao banco Marka e que nenhum integrante do governo conhecia qualquer tipo de chantagem a Lopes.

Segundo a nota, ‘a demissão de Francisco Lopes da presidência do Banco Central teve razões exclusivamente funcionais, não tendo o senhor presidente da República nenhum conhecimento de deslize do mencionado funcionário’.

O Palácio do Planalto distribuiu outra nota, do ex-ministro chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho. Segundo a reportagem de Veja, ele foi escalado pelo governo para monitorar o presidente do BC na época da chantagem – não fica claro se ele sabia ou não das ameaças de Cacciola. Carvalho nega que tenha sido escalado para a tarefa.

Em uma terceira nota, a Polícia Federal afirma que as únicas novidades da reportagem são a conta no exterior do banco Pactual, de onde teriam saído recursos para financiar um esquema de venda de informações confidenciais do BC, e a existência de três telefones celulares para a comunicação das informações privilegiadas. Mas não há menção às fitas que, segundo a revista, comprovam a atuação de Lopes no comércio de informações privilegiadas e foram utilizadas por Cacciola para a chantagem.

Fonte: Correio Braziliense

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