A toga e a japona

Velloso diz que atividade judicial se confunde com militar

Autor

17 de maio de 2001, 0h00

Para o ministro Carlos Velloso, presidente do Supremo Tribunal Federal, é grande a identidade entre o militar e o juiz. Segundo afirmou o ministro na homenagem que recebeu do Ministério da Aeronáutica, “a toga combina com a japona, já que o comandante militar, quando pune ou quando reconhece o mérito do comandado, exerce autêntica magistratura”.

A frase do ministro remete à do então senador Auro de Moura Andrade que, ao ser informado que os militares que tomaram o poder no Brasil, em 1964, pretendiam puni-lo utilizando normas de exceção repudiou a possibilidade dizendo que “japona não é toga”.

Velloso foi homenageado na quarta-feira (15/5) pela Força Aérea Brasileira, no salão nobre do gabinete do Comando da Aeronáutica. A homenagem reuniu todo o alto comando da Aeronáutica, ministros do Superior Tribunal Militar e o presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Paulo Costa Leite.

No discurso que proferiu, o brigadeiro Carlos Baptista enalteceu as qualidades do ministro Carlos Velloso, como jurista, que tem exercido com honra e brilho a chefia do Poder Judiciário. O brigadeiro Baptista realçou que o ministro Velloso sempre foi um grande amigo das Forças Armadas, da Justiça Militar e, especialmente, da Aeronáutica, dispensando a essas instituições o maior respeito. Lembrou que, quando se falava na extinção da Justiça Militar, o ministro Velloso levantou a sua voz na defesa dessa Justiça, demonstrando a sua indispensabilidade. Ao final do discurso, o brigadeiro Baptista ofertou ao ministro Velloso uma placa.

No seu discurso de agradecimento, o ministro Velloso disse que a homenagem era muito significativa, porque a recebia quando o seu mandato de presidente do STF está praticamente no fim. Enalteceu as Forças Armadas e, de forma especial, a Aeronáutica, confessando que esta foi a sua primeira opção profissional, só não tendo ingressado, em 1954, na EPC do Ar, porque naquela época a sua mãe acreditava que “avião comia criança “e não permitiu que o jovem que terminava o ginásio prestasse o concurso para a Aeronáutica.

Falou da importância da Justiça Militar e disse que a toga combina com a japona, já que o comandante militar, quando pune ou quando reconhece o mérito do comandado, exerce autêntica magistratura.

Finalmente, disse que vivia um momento bom de sua vida, do qual não se esqueceria jamais, porque, citando Carlos Drumond de Andrade “…as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão”.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!