Números vergonhosos

Brasil registrou mais de 300 mil acidentes de trabalho em 2000

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17 de dezembro de 2001, 11h33

Somente no ano 2000 foram registrados, no Brasil, 343.996 acidentes de trabalho com 3.094 mortos. A média chega a oito por dia. As estatísticas também mostram que 14.999 se aposentaram por invalidez. Os números colocam o país entre os 15 piores do mundo na área.

Entre 1971 e 2000 (30 anos), morreram no Brasil mais de 120 mil pessoas e outras 300 mil ficaram inválidas. Todas foram vítimas dos mais de 30 milhões de acidentes de trabalho registrados no período.

Os números foram divulgados, na semana passada, pelo presidente da Associação Nacional das Indústrias de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho (Animaseg), Sílvio Franklim Martins, em São Paulo.

Segundo ele, a situação é ainda mais crítica do que indicam os números pois apenas os 27,2 milhões de trabalhadores registrados entram nas estatísticas.

Os dados coletados nos últimos 30 anos mostram porém uma mudança no perfil do acidente de trabalho. Com 9 vezes menos acidentes que em 1970, devido aos trabalhos de conscientização realizados ao longo desse período, ainda há o que corrigir.

Hoje há 5 vezes mais doenças profissionais. Os acidentes na ida e vinda do trabalho cresceram 2,5 vezes no período. De 1993 a 1999, houve uma estabilidade na faixa de 400 mil acidentes por ano, ou seja, mais de 1 mil por dia ou 45 por hora.

Prejuízos ao Brasil

De acordo com os dados apresentados pela Animaseg, os acidentes de trabalho causaram um prejuízo de R$ 17 bilhões em 2000 com os 343.996 mil acidentes, (R$ 50 mil com cada acidente, em média).

Os investimentos na segurança dos trabalhadores, entretanto, não passam de R$ 4,2 bilhões, mesmo considerando-se que, mundialmente, avalia-se que cada dólar aplicado em prevenção pode trazer 4 dólares de retorno.

Além de acidentes propriamente ditos, rondam os trabalhadores as doenças profissionais. A maior parte vai acometendo a vítima lentamente e só é descoberta em estágio avançado. Boa parte delas é cumulativa e irreversível (podem não piorar mediante cuidados e tratamentos, mas não têm cura).

As doenças do trabalho do momento são as DORT (Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho), que representam hoje mais de 50% dos afastamentos do trabalho e fazem suas maiores vítimas entre as mulheres (cerca de 70% do total).

Segundo pesquisa do Sebrae, conhecem algo sobre leis de prevenção 22% dos pequenos empresários do comércio, 57% da indústria e 51% dos serviços. Não notificam acidentes de trabalho 24% das indústrias e 73% das empresas de serviços.

Faltam equipamentos

Estima-se que, no Brasil, apenas um em cada cinco trabalhadores tenha à sua disposição os equipamentos de proteção necessários à sua atividade profissional.

O setor de equipamentos de proteção movimenta R$ 1,3 bilhão ao ano. Do total, R$ 500 milhões são gastos em Equipamentod de Proteção Individual (EPIs), R$200 milhões em Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) e o restante custeia os profissionais ou empresas terceirizadas responsáveis pela segurança dos trabalhadores e programas educativos nas empresas.

As vendas de EPIs cresceram 15% em reais (R$) neste ano e os preços caíram de 5% a 10% desde 2000 em dólar. O primeiro semestre foi melhor, com grande impulso de vendas. No segundo, também por conta dos 11 de setembro nos EUA, o setor observou ligeira queda.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul, transcrito do site Acontece em Sorocaba

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