Selvageria em Jerusalém

Advogado diz que ataque terrorista em Jerusalém é inaceitável

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10 de agosto de 2001, 16h12

Preparava outro artigo para esta semana. Foram dias agitados. No Brasil, a perda de Jorge Amado, dono da cadeira número 23 da ABL, respeitado escritor nacional, foi sentida no país inteiro, levando o Presidente a decretar luto oficial. Jader Barbalho parece estar sem saída. O governador de Minas, Itamar Franco, desistiu de concorrer à presidência do PMDB, o que pode alterar de sobremaneira a corrida presidencial. A seleção voltou a vencer, mesmo que contra o Panamá. Além disto, ainda sentimos solavancos na economia argentina e valeria registro ainda a visita do primeiro-ministro britânico Tony Blair na primeira semana de agosto.

Entretanto, estes dias estarão marcados pelo cruel atentado do dia nove de agosto em uma pizzaria no centro de Jerusalém que deixou 15 mortos, entre eles seis crianças e um brasileiro, além de dezenas de feridos.

O cruel atentado cometido pelos grupos extremistas Jihad e Hamas é a conseqüência de uma séria situação de instabilidade começada em setembro do último ano. A Intifada, como é conhecida a revolta popular palestina em curso, teve início com a “visita surpresa” do hoje primeiro-ministro de Israel Ariel Sharon ao Monte do Templo, um lugar sagrado tanto para judeus quanto para palestinos, que o chamam de “al-Haram al-Sharif”.

Vale lembrar que Sharon, à época da visita ao templo ainda era líder do Likud, e o primeiro-ministro era o trabalhista Ehud Barak. A visita de Sharon a este local sagrado foi considerada uma provocação pelos palestinos. Desde lá, os atentados e contra-golpes se tornaram uma constante, atingindo o seu pico, até o momento, com o atentado suicida do palestino Husseini Omar Abou Naeseh, de 23 anos no dia nove de agosto.

A orientação do governo de Sharon é não negociar enquanto persistirem os atentados. Sua política é caracterizada pelo termo “bateu-levou”. Portanto, logo após o atentando palestino, Israel revidou em posições esperadas, como Ramallah na Cisjordânia, por meio de mísseis disparados contra postos da polícia palestina, não deixando feridos. Outra retaliação foi o ato do exército israelense de ocupar a “Casa Oriental”, QG da OLP, hasteando a bandeira de Israel no topo do prédio, o que pode ser considerada uma séria provocação que pode levar a novos atentados.

Do outro lado, o líder palestino Yasser Arafat, condenou o atentado, e logo depois fez duras críticas à resposta israelense, acusando a atitude do governo de Sharon como um incentivo à violência. Arafat não está errado. A resposta dura, muitas vezes exigida pela população, só levará ao agravamento dos conflitos. Entretanto, o mais preocupante é encontrar as manifestações favoráveis ao derramamento de sangue, especialmente do lado palestino, como foram veiculadas as imagens de comemoração do “sucesso” do atentado nos territórios ocupados.

A morte de crianças, civis e turistas em um restaurante, como resultado de um ataque terrorista, é um fato inaceitável. Os atentados estão tomando um vulto cada vez mais preocupante, visto que a proporção deste tipo de ataque tem aumentado consideravelmente. O incidente é a senha para a comunidade internacional se mobilizar imediatamente para ajudar palestinos e judeus a encontrar uma solução que minimize o terror.

Faço minhas, ao final deste artigo, as palavras de apelo do líder palestino Yasser Arafat em apoio ao plano de cessar fogo do Senador americano George Mitchell: “Pedimos que o governo israelense nos acompanhe na publicação de uma declaração conjunta de cessar-fogo para que se inicie imediatamente a implementação das recomendações do Informe Mitchell, sob supervisão internacional”.

Cabe agora, a Sharon e principalmente a Arafat, controlar a ação dos grupos extremistas de suas nações como o Hamas, Jihad e Hezbollah. Sem este controle, infelizmente, a paz parece cada vez mais distante. O terror desnecessário deve parar.

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