Em pele de cordeiro

Reeleito, vereador gaúcho é preso por exploração sexual infantil.

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8 de outubro de 2000, 1h00

A voz do povo é a voz de Deus. Mas pode também ser a voz de outras entidades da mitologia ocidental.

Logo depois de ser reeleito pela população de Alvorada, município gaúcho, o vereador Clóvis Nissola Vieira, vulgo “Clóvis Reprise”, foi preso graças a uma bem conduzida investigação do Ministério Público do Rio Grande do Sul.

Reprise, que foi reconduzido à Câmara Municipal com 1.671 votos, garantiu a reeleição com a promessa de implantar uma Universidade na cidade. Mas agora vai responder por bem fundamentada acusação de praticar os crimes de estupro, atentado violento ao pudor, favorecimento à prostituição, corrupção de menores e exploração sexual infantil através de fotos.

Preso pela Brigada Militar ele foi recolhido no Presídio Central, em Porto Alegre junto com sua parceira Luciane Rodrigues dos Santos, acusada de aliciamento de menores.

As prisões preventiva de Clóvis Reprise e temporária de Luciane, foram solicitadas à Justiça de Alvorada, pelo promotor de Justiça da Infância e Juventude de Cachoeirinha, Mauro Fonseca Andrade. Ambas foram imediatamente decretadas.

Os mandados de prisão também foram deferidos e, somente não foram cumpridos antes, por causa das eleições no município. O Ministério Público investigava o vereador há quase um ano com o auxílio da Polícia Federal, que tentou prendê-lo em flagrante.

O Promotor de Justiça da Comarca de Cachoeirinha tomou conhecimento das atitudes de Reprise através do depoimento de uma menor de 15 anos, vítima de estupro, iniciada na prostituição infantil e explorada sexualmente em sessões de fotografias em que posava nua.

Os crimes teriam iniciados quando ela contava com 10 anos de idade. A menor também apontou o nome e endereço de diversas meninas envolvidas no esquema de exploração sexual infanto-juvenil patrocinado pelo investigado, que teve suas ligações telefônicas interceptadas judicialmente por quase um ano.

Luciane dos Santos seria uma das fornecedoras de meninas. O Ministério Público ainda ouviu uma jovem de 17 anos, apontada pela outra menor como integrante do grupo de meninas que se prostituem para Reprise. Ela confirmou todas as denúncias. Ao ser detido, Reprise não quis prestar depoimento.

Revista Consultor Jurídico, 8 de outubro de 2000.

Com informações levantadas pelo colaborador Cristiano Custódio de Godoi Mariano junto ao Ministério Público do RS.

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