Jornalista em perigo no Pará

Jornalista é ameaçado por investigar grileiros da Amazônia

Autor

10 de março de 2000, 0h00

O jornalista Klester Cavalcanti, chefe da sucursal da revista Veja em Belém do Pará, foi seqüestrado e ameaçado. A família da vítima desconfia que haja envolvimento de militares no atentado.

Klester Cavalcanti vinha fazendo uma reportagem sobre os grandes grileiros da Amazônia. Há aproximadamente 3 semanas, ele passou a ser ameaçado, por telefone, para abandonar o projeto. Também recebeu uma carta, montada com letras recortadas de jornais, com a ameaça de que “é melhor sair dessa senão o pior vai acontecer”.

O jornalista não se sentiu intimidado e continuou seu trabalho.

Na última quarta-feira (8/3), ao sair de um caixa eletrônico perto de sua casa em Belém, Klester foi abordado por 3 homens de carro. Eles estavam armados e vestiam máscaras de carnaval.

Ele foi forçado a entrar no carro, em que ficou rodando com os seqüestradores durante aproximadamente 1,5 hora, com um saco de papel na cabeça.

De acordo com um familiar do jornalista, enquanto estavam no carro, um dos homens mascarados perguntou: “Posso amarrar o sujeito, Sargento?”; e obteve a seguinte resposta: “Amarra e pára de falar, merda”.

Posteriormente, o jornalista foi amarrado a uma árvore, com as mãos para trás, tendo sido esbofeteado duas vezes na face. Antes de abandonarem a vítima, os seqüestradores disseram: “Se a matéria sair, a gente volta para terminar o serviço”.

A vítima permaneceu presa à árvore durante 2 horas. Quando conseguiu livrar-se, andou até um posto da polícia rodoviária, onde encontrou auxílio.

Ontem, Klester reuniu-se com o Governador do Pará e o Secretário de Segurança Pública do Estado.

O inquérito policial para apuração do crime já foi aberto. O jornalista está deixando a cidade.

Revista Consultor Jurídico, 10 de março de 2000.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!