Delegados constrangem filhas de Nicolau
20 de julho de 2000, 0h00
Dois delegados da Polícia Federal estiveram hoje no local de trabalho de uma das filhas do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, Cristina, no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, onde tentaram obter informações sobre o paradeiro de seu pai.
Os mesmos delegados estiveram antes no escritório do advogado Alberto Zacharias Toron, com a mesma finalidade. A atitude mais ousada dos delegados, contudo, foi visitar a casa onde o ex-juiz morava, onde a outra filha de Nicolau, Virgínia, reside. A pressão dos policiais teria provocado um surto (crise nervosa). O médico que a atendeu teria recomendado a sua hospitalização.
Toron, que defende o ex-juiz na área criminal, anunciou que pretende adotar medidas administrativas ou mesmo judiciais em razão do constrangimento ilegal a que Cristina e Virgínia estariam sendo submetidas. Nesta quinta-feira (20/7), o advogado foi procurado, inclusive, pelo ministro da Justiça, José Gregori.
Na opinião do consultor jurídico criminal, Luiz Flávio Gomes, a Polícia Federal abusou de sua autoridade: “Em hipótese alguma se pode envolver ascendentes, descendentes, irmãos ou cônjuges em uma investigação como essa porque não há delito em se acobertar o familiar”. Ex-juiz criminal, Luiz Flávio Gomes concorda que pode ter se configurado constrangimento ilegal o ato de ir ao local de trabalho de Cristina ou ao domicílio de Virgínia para pressioná-las.
Alberto Toron excluiu a hipótese noticiada de que Nicolau dos Santos Neto estivesse querendo se entregar antes do julgamento do pedido de habeas corpus apresentado por ele.
Acredita-se que as investidas dos delegados da PF tenham sido promovidas com o objetivo de desestabilizar emocionalmente o ex-juiz foragido e, com isso, tentar forçar o seu reaparecimento.
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