Pimenta deve se apresentar

Pimenta Neves deve se entregar à Polícia logo

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21 de agosto de 2000, 0h00

O jornalista Antônio Pimenta Neves, diretor de Redação do jornal O Estado de S. Paulo, não pretende deixar o País e pode se apresentar à polícia a “qualquer momento”, segundo afirmou nesta segunda-feira à Agência Estado a advogada Paola Zanelato, do escritório de advocacia do criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que está cuidando do caso.

Segundo o publicitário Ênio Mainardi, amigo de Pimenta Neves que o acompanhou nas últimas semanas, aconselhando-o a conformar-se com a situação, dissuadindo-o de qualquer iniciativa, o jornalista deve apresentar-se e assumir seus atos. “Ele não nega o que fez e nunca foi de fugir às suas responsabilidades”, afirmou o publicitário.

Antes de ser assassinada, Sandra Gomide disse a um amigo que o publicitário emprestara um revólver a Pimenta. Com essa arma, Pimenta esteve em seu apartamento, dizendo que a usaria para matar-se, caso ela não se reconciliasse com ele. Mainardi nega que a arma utilizada, contudo, fosse de sua propriedade. “Sou colecionador e todas as minhas armas, que são legais e registradas, estão comigo”, afirmou.

Profundamente consternado e triste com a tragédia, Mainardi lamenta não ter podido fazer mais pelo amigo. “Conversamos muito, saímos, eu insisti para que ele intensificasse a terapia, mas ainda assim me sinto péssimo”, disse ele.

Pimenta, contudo, teria informado a Mainardi que havia comprado, oficialmente, uma arma. “Achei natural, até porque, pelo cargo, ele estava sempre sujeito a ameaças”, comentou Mainardi.

Na opinião do publicitário, seu amigo “matou e morreu”. O estado da família de Pimenta, afirma, é deplorável. A mulher de Mainardi estaria viajando para os Estados Unidos para consolar Carol, ex-mulher de Pimenta. Nesse contexto trágico, uma das filhas gêmeas do casal teria câncer, diagnosticado recentemente. Sua irmã teria a mesma doença, o que foi constatado há cinco anos.

Nesta segunda-feira, segundo a rádio CBN, a polícia apreendeu no sítio de Pimenta dois tipos diferentes de munição – para pistola e para revólver – que serão confrontados com os projéteis que alvejaram Sandra Gomide.

A família da jornalista assassinada entregou aos investigadores também fita gravada da secretária eletrônica de Sandra e a CPU de seu computador. Na fota e no disco rígido do computador haveriam ameaças feitas pelo diretor do Estadão – por telefone e por e-mail.

Segundo a advogada Paola Zanelato, a decisão do juiz Maurício Valala, da comarca de Sorocaba, que decretou hoje a prisão temporária do jornalista, não mudou a disposição de Pimenta de se apresentar à polícia. “Não era necessário a decretação da prisão temporária, já que ele está apenas esperando uma determinação do delegado responsável pelo caso para definir a apresentação”, disse a advogada.

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