Vasp devolve Boeings

Vasp explica sua situação em nota oficial

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24 de abril de 2000, 0h00

Ao mesmo tempo em que tomava conhecimento da decisão do juiz Reinaldo Torres de Carvalho, da 21ª Vara Cível de São Paulo, determinando o confisco dos últimos quatro aviões MD-11 que a empresa utilizava em seus vôos para a Europa e América do Norte, a Vasp anunciou que já está devolvendo os aviões à Golden Gate – a empresa de leasing da Boeing Company.

Em nota oficial, a companhia informou nesta segunda-feira (24/4), que já está negociando com a Boeing Company a devolução das aeronaves. O motivo, segundo a empresa, é o “processo de reestruturação interna iniciado em 1999”.

A empresa admite que já deveria ter tomado antes essa atitude, uma vez que o índice de ocupação de 63% de seus vôos internacionais, em face dos custos, há tempos se tornou desvantajoso – motivo pelo qual a Vasp vinha deixando de pagar pelo uso das aeronaves.

Por se tratar de decisão de primeira instância, a Vasp ainda poderia recorrer da decisão, caso quisesse resistir à devolução dos aviões.

No anúncio público, a Vasp apresenta a saída como “a primeira contribuição ao processo de reestruturação que o governo federal busca para o setor” e se apresenta como “a empresa mais capitalizada do setor, com os maiores ativos (da ordem de mais de R$ 2 bilhões), atingindo atualmente uma ocupação média de 64% em seus vôos nacionais e com a maior frota própria (75% de seus jatos), entre as companhias aéreas brasileiras.”

Afirma também que “com referência ao constante noticiário sobre a sua situação econômico-financeira, a empresa esclarece uma vez mais, que está honrando todos os seus compromissos. Tal afirmação pode ser comprovada na análise cuidadosa de seu balanço de 1999, se comparado com o de seus concorrentes. Basta verificar que a sua relação receita/resultado foi disparadamente, a de melhor desempenho. Enquanto era alvo de insidiosa campanha de difamação, a Vasp trabalhava com afinco para os ajustes necessários a torna-la rentável e adequá-la a nova realidade de nosso setor, que passa pela pior crise de sua história.”

Afirmando que a saída de tais linhas é “circunstancial, temporária e estratégica”, a Companhia alerta suas concorrentes “que também passam por problemas tão difíceis quanto os enfrentados pela Vasp” para que “tenham a exata noção da gravidade do momento, tendo a coragem de realizar os ajustes necessários à reestruturação da indústria do transporte aéreo no Brasil.”

Para evitar custos e riscos, a companhia vem alterando suas rotinas. Além da redução do número de funcionários, o que tem ocasionado muitas filas nas lojas e balcões nos aeroportos, a Vasp vem tomando medidas como a de não aceitar cheques de contas bancárias abertas há menos de seis meses.

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