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Desembargador não convence em depoimento

27 de outubro de 1999, 23h00

Por Redação ConJur

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As explicações do desembargador mato-grossense Odiles de Freitas Souza, acusado de envolvimento com o tráfico de drogas e de venda de sentenças, não convenceram a CPI do Judiciário. Souza prestou depoimento nesta quinta-feira (28/10).

O relator da CPI, senador Paulo Souto (PFL-BA), considerou insuficientes as justificativas sobre a viagem do desembargador, em 1987, à fazenda do traficante boliviano Lucio Salorram. O juiz lamentou estar “pagando um preço muito alto por ter ido lá, tentar resolver problemas que outras autoridades poderiam ter resolvido”.

Souza afirmou desconhecer que Salorram era traficante e que o objetivo da viagem foi verificar um local que seria usado como ponto de travessia de automóveis roubados no Mato Grosso para a Bolívia. Ele negou ter comprado armas em Santa Cruz de La Sierra, cidade para onde seguiu depois de passar pela fazenda.

O desembargador admitiu que é amigo do empresário Josino Guimarães – acusado de intermediar a venda de sentenças no Tribunal – e que deu quatro cheques no valor de R$ 10 mil ao empresário. Mas negou que os cheques se deviam a comércio de sentenças. Souza disse que mantém “relações comerciais” com o pai de Guimarães.

O depoente afirmou desconhecer também se o empresário pressionava juízes para obter sentenças de seu interesse.

Odiles de Souza também afirmou que o juiz Leopoldino Marques do Amaral, assassinado no início de setembro, tinha razões para acusar o TJ, pois estava sendo investigado por irregularidades cometidas na Vara que comandava. Ao final, o desembargador se colocou à disposição da CPI para que “as investigações tenham êxito”.