Crescimento empresarial

Pesquisa revela otomismo empresarial em relação a 1999

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10 de dezembro de 1998, 23h00

O Brasil não conseguirá cumprir as metas do acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), aprovado nesta quinta-feira (10/12) pelo Senado. Essa é a opinião de 68% do empresariado brasileiro. No entanto, 30% dos empresários acham que o país cumprirá as metas de desempenho e receberá os recursos do FMI nos prazos previstos.

Os dados foram levantados através de pesquisa realizada pela Internews durante o seminário “O que esperar de 1999”, do qual participaram o ministro da Fazenda, Pedro Malan; o ex-presidente do Banco Central, Ibrahim Eris; o cientista político Bolívar Lamounier; e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente.

O levantamento, tabulado pelo Departamento de Pesquisas da Fiesp, surpreendeu pelo otimismo. Para 45% dos empresários consultados, os negócios de suas empresas devem se expandir em 1999. Apenas 3% acham que as negociações devem cair de forma acentuada, enquanto 18% acreditam que a queda será moderada. Os negócios permanecerão estabilizados para 32% dos entrevistados.

A maioria dos participantes do seminário (53%) disse que os negócios de suas empresas estão crescendo em relação ao ano passado. Para 29%, os negócios estão estabilizados em relação a 1997, enquanto 15% afirmaram que houve queda nas negociações.

A pesquisa constata que o desemprego continuará sendo um problema marcante em 1999, pois somente 13% dos empresários pretendem aumentar a produtividade com novas contratações. A maioria (51%) quer aumentar a produção sem contratar, enquanto 20% vão enxugar suas empresas, mesmo visando o crescimento produtivo. Somente 11% vão demitir acreditando em uma possível retração no mercado.

A taxa de juros, que hoje está em cerca de 35% ao ano, deve cair para níveis inferiores a 23% até o fim do primeiro semestre do ano que vem, segundo 67% dos entrevistados. Para 31%, a queda da taxa de juros só atingirá esse nível a partir do segundo semestre.

Para 47% dos empresários, a taxa anual de inflação, em 1999, ficará entre 1,5% e 3%. Já, 39% acreditam que a inflação não passa de 1,5%, enquanto 12% acham que ficará entre 3% e 5%. Apenas 2% do empresariado diz que a inflação ultrapassará 5%.

A desvalorização cambial deve caminhar abaixo da taxa de 7,5% ao ano, segundo 14% dos participantes. Para 45% dos empresários, a desvalorização continua por volta de 7,5%, enquanto 40% acham que essa taxa aumenta razoavelmente. Apenas 1% acredita que a desvalorização cambial sofrerá uma correção expressiva.

No final de 1999 as reservas externas estarão entre US$ 40 bilhões e US$ 55 bilhões para 50% dos entrevistados. Apenas 13% acham que as reservas ultrapassarão US$ 55 bilhões, enquanto 37% acreditam que ficarão abaixo de US$ 40 bilhões.

A balança comercial deve registrar déficit entre US$ 2,5 bilhões e US$ 5 bilhões para 47% dos empresários. Já, 34% do empresariado acha que o déficit não ultrapassa US$ 2,5 bilhões. Apenas 9% acreditam que o déficit será maior que US$ 5 bilhões. Haverá superávit de até US$ 2,5 bilhões, segundo 10% dos entrevistados.

Segundo 57% dos participantes, o Plano Real deve se consolidar no ano que vem. Para 33% o Real está consolidado, enquanto 7% do empresariado acha que ele não deve se consolidar ou está superado.

De acordo com 76% dos empresários, a crise de liquidez internacional que abalou o sistema financeiro após a moratória da Rússia será superada. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, 53% dos empresários responderam que a variação ficará entre -2% e 0%. Apenas 10% acham que a variação fica abaixo desses índices. Para 27%, a variação fica entre 0% e 1%.

A pesquisa foi realizada com 379 empresários e executivos, sendo 40% representantes do setor Industrial, 20% do setor de Serviços, 21% do setor Financeiro, 12% do setor Comercial, 2% do setor Agropecuário e 5% de outros setores.

Das empresas que participaram do seminário, 23% tem até 99 empregados, 29% de 100 a 499 empregados e 48% registram 500 ou mais empregados.

Revista Consultor Jurídico, 11 de dezembro de 1998.

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