Mutações no trabalho

Mercado de trabalho volta a se aquecer, mas o emprego mudou

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7 de agosto de 1997, 0h00

Nove entre dez gurus da Administração garantem: os tempos de downsizing acabaram. Épocas de enxugamento, contenção de despesas e cortes de pessoal, dão lugar novamente às de crescimento. O emprego está de volta, mas já não é o mesmo: as empresas têm aumentado consideravelmente suas exigências de qualificação profissional, para contratar.

Exige-se do candidato conhecimentos específicos para a função que pretende exercer e, mais que isso, vontade e disposição para aprender e flexibilidade para manejar situações novas. Isso vale até para o especialista, que é sempre bem-vindo, mas deve estar preparado para saber mais sobre o ofício e sobre o negócio – ou, pelo menos, na sua área de especialização.

“Essas exigências, na verdade, não estão sendo inventadas pelas empresas. São decorrentes das necessidades das empresas se adaptarem a um mercado cada vez mais globalizado e competitivo”, declara Newton José de Oliveira Neves, sócio-diretor da Mission Desenvolvimento Profissional. O mercado de trabalho segue as tendências do mercado produtivo: ficará cada vez mais globalizado e competitivo, ensina.

Quem quiser contar com a própria ajuda para reingressar no mercado de trabalho – ou melhorar sua posição – deve saber que o fato de deter toda a gama de informações técnicas não é mais suficiente. As empresas caçam, agora, profissionais com alguns atributos a mais, como criatividade, flexibilidade, iniciativa, capacidade de trabalhar em equipe, bilíngüe, e assim por diante.

Todo dia há uma novidade nessa área. “A pergunta que se faz, ao se analisar esse fato novo, é se é possível encontrar candidatos que reunam tantas qualificações”, diz Oliveira Neves. E a resposta que se encontra é o “sim”, ele completa. Um número significativo de executivos tem conseguido atender a essas crescentes exigências do mercado de trabalho e o êxito deles se deve ao fato de estarem sempre dispostos a aprender.

Regras em evidência

Enfrentar mercados competitivos exige preparação adequada

Apesar das regras do jogo estarem sempre mudando, a convivência diária com profissionais bem sucedidos revela ao observador mais atento quais delas estão em alta – ou não, diz Newton José de Oliveira Neves, sócio-diretor da Mission Desenvolvimento Profissional. Os pontos considerados importantes, atualmente, na caça ao trabalho podem ser resumidos assim:

  • Goste, mas goste muito, de seu trabalho. Lembre-se, porém: trabalhar é uma das coisas mais importantes da vida, mas não é tudo. O profissional muito dedicado está em alta, mas o workaholic – esse viciado em trabalho – está em baixa. Há uma grande diferença entre dedicar-se com afinco ao trabalho e fazer dele a única razão de sua vida.
  • A expressão da vez, no mercado de trabalho, é flexibilidade de conhecimentos. O profissional pode até ser um gênio em matemática, mas poderá ir mal se não tiver conhecimentos de marketing, por exemplo.
  • Essa flexibilização é exigível, mas não é suficiente. Saber inglês pode ser um importante acréscimo a qualificação técnica do candidato. Só que o mercado está atrás do profissional fluente em inglês – não só do que sabe ler e traduzir, mas cuja fala só dá para o gasto.
  • Uma mudança crucial no mercado de trabalho: a experiência, agora, está valendo dinheiro. Ter mais de 50 anos deixa de ser uma desvantagem e passa a ser uma vantagem competitiva.
  • A saúde ficará sempre em alta – isso nunca vai mudar. Portanto, desenvolver atividades físicas, cuidar do corpo, mexer-se, são atitudes que combinam com a imagem do profissional valorizado. A vitalidade é condição básica para a competição.
  • Se esse for o seu problema, desfilie-se da “Associação dos Resistentes ao Computador” (que existe, subjetivamente, no intelecto dos apegados à maquina de escrever). O trabalho está se tornando virtual. Configure-se para os novos tempos e ingresse no mundo da Informática, da Internet e da informação em tempo real. Não dá para ficar para trás.
  • O mercado global jogou muitos valores para a história, mas não desvalorizou a ambição. Também não valorizou a ganância. Os limites são sensíveis, mas o mercado ainda quer profissionais com disposição para crescer sempre.
  • O estímulo maior para o aprendizado continua sendo o ditado americano “no pain, no gain”. O ganho de conhecimentos – e de todas as benesses que vêm com eles – pressupõe muito esforço e muita dedicação, mesmo que isso signifique renúncia (temporária) a prazeres da vida. É necessário ler muito, freqüentar cursos, seminários, congressos, todo e qualquer evento que possa acrescentar capacitação técnica e formação geral a seu aparelhamento de combate na batalha pelo bom emprego.

A missão pode parecer impossível, diz Oliveira Neves. “Mas o sucesso no mundo dos negócios tem os seus próprios caminhos e segui-los passa a ser um desafio fascinante em direção aos objetivos ambicionados”, completa.

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