Ouvidos aguçados

Ao interpretar grampos, polícia converte compra de mel em pedido de propina

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31 de março de 2017, 16h26

Os críticos aos erros da espalhafatosa e recente operação sobre o setor frigorífico ganharam mais um forte argumento. Ao interpretar os grampos telefônicos da investigação, além de inventar que papelão encomendado para embalagens seria usado para misturar à carne, a Polícia Federal foi ainda mais longe e transformou a compra de dois potes de mel em um pedido de propina.

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Compra de mel foi confundida com pedido de propina durante as investigações da operação carne fraca.
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O jornalista Cláudio Tognolli publicou, em seu blog: entre os frigoríficos, a investigação apelidada de carne fraca listava a empresa Breyer e Cia Ltda., que produz mel, própolis e produtos derivados da apicultura. E o motivo foi uma interceptação telefônica.

Um fiscal que estava grampeado, por ser suspeito de cobrar propinas dos frigoríficos, ligou para a secretária da empresa e disse que queria dois frascos de mel de 800 g, porque o dele tinha acabado. Pronto, nos ouvidos do responsável por escutar as interceptações, isso virou uma senha para pedir propina.

O erro repercutiu mal, e o Ministério da Agricultura já começa a tomar providências. Em reunião de emergência, o secretário de Defesa Agropecuária, Luís Rangel, “prometeu celeridade para esclarecer que a empresa não tem relação com a operação da Polícia Federal, e que o setor apícola não pode ser prejudicado pela divulgação precipitada, porquanto além de ter qualidade comprovada, gera emprego e renda a milhares de famílias em todo o Brasil”, ainda de acordo com Tognolli.

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