Girl power

Caarj lança movimento para combater machismo na advocacia

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16 de março de 2017, 17h47

Com o objetivo de acabar com a desigualdade salarial e com o machismo na profissão, a Caixa de Assistência de Advogados do Rio de Janeiro (Caarj) lançou nesta quarta-feira (17/3) o Movimento da Mulher Advogada.

Flavia Freitas
Marcello Oliveira e Naide Marinho (ao lado dele) esperam que o movimento diminua o machismo nos escritórios de advogados
Flavia Freitas

Em evento na sede da entidade, no Centro do Rio, Naide Marinho, secretária-geral da Caarj, apresentou os dados da pesquisa Advocacia: profissão de mulher. O levantamento aponta que as advogadas do estado recebem, em média, 25% menos que os homens, levam mais tempo para subir na carreira e são minoria entre advogados que empregam outros colegas.

Além disso, Naide destacou como o machismo se manifesta na profissão. Segundo ela, é comum que mulheres sejam medidas por sua beleza, não por sua competência. Para alertar sobre esse cenário, a Caarj colocou há pouco banners no Centro do Rio com frases discriminatórias ditas por advogados homens. Entre elas, “Não contrato advogada mulher porque elas engravidam” e “Vai despachar com o juiz? Capricha no decote”.

“Muitas mulheres não enxergam essa realidade. Elas pensam que violência de gênero só ocorre por meio de socos, chutes. Mas a violência vai muito além disso. E quando dizemos isso a essas advogadas, elas começam a ter consciência de como o machismo é naturalizado na profissão”, disse Naide à ConJur.

Esse preconceito diminui a capacidade profissional nos olhos dos homens, ressaltou a criminalista Maíra Fernandes, integrante do Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher. E isso, de acordo com ela, faz com que muitas mulheres desistam da advocacia e optem por carreiras públicas, nos quais não dependerão de avaliações altamente subjetivas para progredirem.

Porém, a desigualdade de gênero na advocacia só acabará quando os homens mudarem suas atitudes com relação às mulheres, declarou à ConJur Marcello Oliveira, presidente da Caarj. “É preciso conscientizar os homens. Muitos não têm consciência de seus atos. Às vezes, eles acham que estão fazendo uma gentileza, um elogio à mulher, mas, no fundo, estão diminuindo-a, diminuindo a capacidade profissional dela”.

Na visão de Naide Marinho, Maíra Fernandes e Marcello Oliveira, o Movimento da Mulher Advogada irá ganhar vida própria daqui para frente. O objetivo é aprofundar o debate sobre machismo na profissão, seja nas subseções da Ordem dos Advogados do Brasil, seja nos escritórios. A equipe da Caarj também irá ajudar as mulheres que denunciarem tratamento desigual no trabalho. Se a ação for eficaz, pode ser que “muito em breve, não precisemos mais de um movimento desses”, afirmou Maíra.

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