Em Paris, Maluf é condenado a 3 anos de prisão por lavagem de dinheiro
20 de junho de 2017, 19h30
A Corte de Apelações de Paris condenou o deputado Paulo Maluf (PP) a três anos de prisão por lavar dinheiro de obras superfaturadas quando foi prefeito de São Paulo. A decisão, divulgada nesta terça-feira (20/6), mantém entendimento proferido em 2016 contra ele; sua mulher, Sylvia Lutfalla Maluf, e seu filho, Flávio Maluf.
O ex-prefeito da capital paulista, no entanto, só pode ser preso se for condenado pelos mesmos delitos no Brasil ou se viajar ao exterior e for encontrado por forças de segurança. Diferentemente do marido e do filho, Sylvia foi condenada a dois anos de prisão. Na prática, os três réus devem pagar multas que somam 500 mil euros, além de terem confiscados 1,8 milhão de euros em contas internacionais.
No ano passado, a 11ª Câmara do Tribunal Criminal de Paris considerou que Maluf e seus familiares organizaram um esquema financeiro para esconder a origem de recursos obtidos via corrupção e peculato na construção de obras em São Paulo, como a antiga Avenida Água Espraiada (atual Avenida Roberto Marinho) e o Túnel Ayrton Senna.
O esquema repete atores da famosa operação “lava jato”, como apontou reportagem da revista eletrônica Consultor Jurídico: segundo o Ministério Público de São Paulo, as empreiteiras Mendes Júnior e OAS usavam notas frias de empresas subcontratadas para justificar o repasse de dinheiro a doleiros, como Alberto Youssef. O juiz federal Sergio Moro chegou a ouvi-lo sobre o tema dez anos antes.
Esconde-esconde
Os contratos suspeitos foram firmados pela prefeitura entre 1993 e 1996, na gestão Maluf, com as construtoras Mendes Júnior, OAS e CBPO, ligada ao grupo Odebrecht. Os valores ultrapassaram R$ 600 milhões na época, de acordo com o promotor Silvio Marques, que atuou no caso — o MP paulista compartilhou provas com investigadores franceses.
Marques afirma que a Mendes Júnior e a OAS subcontratavam empresas de engenharia e pagavam apenas uma parte do valor firmado. O dinheiro restante ia parar nas mãos de doleiros e, em seguida, era repassado por dois caminhos principais: depósito na conta de laranjas no Brasil, que transferiam os valores, e o modelo “dólar cabo”, no qual o doleiro recebia em moeda nacional e movimentava dinheiro já disponível no exterior.
Conforme a 11ª Câmara do Tribunal Criminal de Paris, Maluf e a família tentaram esconder mais de US$ 5 milhões por meio de sociedades como Blackbird Foundation, Red Ruby e Blue Diamond, além de contas bancárias abertas em Paris, em nome de Sylvia.
Esse dinheiro circulou por países como Luxemburgo, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos, entre 1996 a 2005. A decisão diz que todos esses recursos têm relação com crimes de suborno e peculato cometidos no Brasil. A assessoria de imprensa do deputado declarou que seus advogados em Paris vão recorrer da decisão.
Em maio, o Supremo Tribunal Federal condenou Paulo Maluf a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão, também por lavagem de dinheiro envolvendo contratos da Prefeitura de São Paulo. A 1ª Turma entendeu que, enquanto houver movimentação do dinheiro oriundo de lavagem, o crime está sendo cometido de forma permanente e não pode ser aplicada a prescrição da pena. Com informações da Agência Brasil.
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