Violência contra jornalistas atinge mais repórteres que trabalham em televisão
14 de janeiro de 2017, 6h48
O jornalista que trabalha a serviço de uma rede de televisão é o principal alvo da violência praticada contra a categoria. Esse é o diagnóstico que pode ser feito a partir do Relatório de Violência e Liberdade de Imprensa de 2016, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas.
Os dados apresentados mostram que 44% dos casos de violência em 2016 ocorreram no Sudeste. Na diferenciação por meio de divulgação, a televisão é a primeira colocada disparada, com 31% dos atos violentos (70 casos). Em relação ao gênero, 77% das ocorrências envolvem homens (167).
Segundo a Fenaj, isso ocorre porque esses jornalistas são identificados com maior facilidade, além de se expor a mais riscos. Ao todo foram 161 ocorrências que vitimaram 222 profissionais em todo o país. Se comparado ao ano anterior, houve crescimento de 17,52% nos casos de violência contra profissionais de imprensa.
Dois profissionais de imprensa foram assassinados no Brasil em 2016: João Miranda do Carmo, morto com sete tiros depois de denunciar problemas em Santo Antônio do Descoberto (GO), e Maurício Campos Reis, dono do jornal O Grito, que foi vítima de uma emboscada na cidade de Santa Luzia (MG).
A agressão física foi a forma mais frequente de violência contra jornalistas, representando 36% dos casos. Foram também registrados casos de agressões verbais, ameaças, intimidações, cerceamento por meio de ações judiciais, impedimentos ao exercício profissional e à atividade sindical, prisão, censura e atentados e assassinatos.
Confira o total de agressões por região e por gênero:
Região | Total de casos | % | Gênero | Total de casos |
---|---|---|---|---|
Sudeste | 71 | 44,10% | Masculino | 167 |
Sul | 30 | 18,63% | Feminino | 47 |
Norte | 26 | 16,15% | Não definido | 10 |
Centro-oeste | 18 | 11,18% | ||
Nordeste | 16 | 9,94% |
Confira a relação de casos de violência por estado:
UF | Casos | % | UF | Casos | % |
---|---|---|---|---|---|
AC | 2 | 1,24% | PB | 1 | 0,62% |
AL | 3 | 1,86% | PR | 10 | 6,21% |
AP | 3 | 1,86% | PE | 1 | 0,62% |
AM | 2 | 1,24% | PI | 1 | 0,62% |
BA | 2 | 1,24% | RJ | 12 | 7,45% |
CE | 7 | 4,35% | RN | 1 | 0,62% |
DF | 5 | 3,11% | RS | 10 | 6,21% |
ES | 5 | 3,11% | RO | 4 | 2,48% |
GO | 5 | 3,11% | RR | 2 | 1,24% |
MA | 2 | 1,24% | SC | 10 | 6,21% |
MT | 4 | 2,48% | SP | 44 | 27,33% |
MS | 1 | 0,62% | SE | 1 | 0,62% |
MG | 10 | 6,21% | TO | 3 | 1,86% |
PA | 10 | 6,21% | Total | 161 | 100% |
Confira o total de jornalistas agredidos por meio de comunicação:
Meio de comunicação | Jornalistas agredidos | % |
---|---|---|
TV | 70 | 31,53% |
Jornal | 61 | 27,48% |
Internet | 27 | 12,16% |
Rádio | 13 | 5,86% |
Não identificada | 11 | 4,95% |
Revista | 8 | 3,60% |
Freelancers | 7 | 3,15% |
Assessores de Imprensa | 4 | 1,8% |
Desastre da Chapecoense* | 21 | 9,5% |
Total | 222 | 100% |
*Morreram na queda do avião da Lamia |
Quem bate
Os principais agressores são parte do próprio Estado, que deveria, em tese, garantir a segurança de todos. Policiais militares e guardas civis foram responsáveis por 25,47% das ocorrências relatadas. Depois deles, mas ainda sob a proteção estatal, estão políticos (15,53% dos casos) – incluídos aí seus assessores e familiares – e membros do Poder Judiciário (10,56%), como juízes, procuradores e oficiais de justiça.
Para a Fenaj, os maiores agressores dos jornalistas “usam a prerrogativa da violência do Estado para tentar impedir a livre circulação das informações, principalmente as que denunciam essa violência”.
Também entram nessa conta os manifestantes, que, segundo a Fenaj, “agridem profissionais numa clara incompreensão da importância do jornalista, inclusive para a defesa do jornalismo dentro das empresas de comunicação”. Com informações da Assessoria de Imprensa da Fenaj.
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