Assediado e coagido

Daniel Dantas quer indenização por ter sido tirado do controle da Brasil Telecom

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18 de abril de 2017, 20h14

O banqueiro Daniel Dantas, seu sócio Dório Ferman e o banco Opportunity decidiram pedir indenização ao Citibank pelos danos sofridos durante a disputa pelo controle acionário da Brasil Telecom e as operações chacal e satiagraha. Em ação movida na Corte do Distrito Sul de Nova York, nos Estados Unidos, Dantas e seus sócios afirmam que foram “assediados, coagidos, fraudulentamente processados, presos, difamados e quase levados à falência por altos funcionários do PT, com ativa participação e estímulo do Citibank”.

Agência Brasil
Banqueiro Daniel Dantas e seus sócios afirmam que foram “assediados, coagidos, fraudulentamente processados, presos, difamados e quase levados à falência por altos funcionários do PT”.
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A ação é de fevereiro deste ano, anterior à divulgação de todos os depoimentos dos executivos da Odebrecht aos investigadores da operação “lava jato”. Mas os autores afirmam que, diante da revelação do esquema de corrupção montado pelo PT para se manter no poder, se sentiram à vontade para denunciar todo o mal que o Citibank lhes causou a partir de 2005.

O processo é sigiloso, mas é um capítulo inesperado de uma briga antiga. Opportunity e Citibank foram sócios na Brasil Telecom até 2008, quando esta foi comprada pela Telemar, hoje Oi. O negócio foi resultado de longa disputa comercial entre as empresas, que originaram as operações da Polícia Federal chacal e satiagraha — esta, hoje investigada por indícios de ter sido financiada por empresas privadas.

De acordo com Dantas, a partir de 2003, o governo começou a pressionar o Citibank para se aliar aos seus esforços de criar uma “supertele”, que depois seria a Oi, e alijar o Opportunity do controle da BrT. E começaram uma “guerra na opinião pública” para dizer que o banco de Dantas não os deixava exercer o controle da companhia, e por isso a melhor decisão seria tirá-lo da equação.

As pressões do governo, diz a ação, começaram a partir do momento em que a Telecom Italia deu início a seus planos de controlar o mercado mundial de telecomunicações. No Brasil, aliou-se aos fundos de pensão de servidores públicos, especialmente o Previ, de funcionários do Banco do Brasil, e à Andrade Gutierrez, também interessada no nascente mercado de telefonia móvel. Na petição, Dantas diz que as relações entre a Andrade e o PT foram explicitadas na operação “lava jato”.

“Embora não tenha ficado claro na época, descobertas posteriores deixaram claro que o Citibank se tornou peça fundamental no esquema corrupto para arruinar Daniel Dantas e seus negócios”, diz a ação.

O pedido é para que o caso vá para um júri popular, que decidirá se o Citi deve ou não indenizar Dantas e seus sócios e de quanto será essa indenização. O juiz do caso, Jesse Furman, anunciou que decidirá se dá andamento ou não ao caso no dia 9 de maio.

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