Crise em detalhes

Delação de Delcídio acusa Dilma e Lula de interferir na "lava jato", diz revista

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3 de março de 2016, 14h29

O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) firmou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República e revelou que a presidente Dilma Rousseff e o antecessor dela, Luiz Inácio Lula da Silva, sabiam de crimes na Petrobras e agiram para evitar que eles fossem revelados. A informação foi divulgada inicialmente pela revista IstoÉ e confirmada pelo jornal Folha de S.Paulo e pela TV Globo.

A emissora afirmou que o compromisso ainda não foi homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, porque um dos pontos do documento foi questionado e está em negociação. A PGR informou que só se pronuncia a respeito de acordos já validados pela Justiça. Já o advogado de Delcídio, Antonio Figueiredo Basto, declarou que não iria se manifestar sobre o assunto.

O senador foi preso em novembro por tentar fraudar as investigações da “lava jato”.

Segundo reportagem da IstoÉ, o senador garantiu que Dilma tentou por três vezes interferir na operação “lava jato” com a ajuda do ex-ministro da Justiça e atual advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. Em uma delas, a presidente teria tido uma reunião com Cardozo e com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, em Portugal, para pedir uma mudança nos rumos da “lava jato”. Contudo, o encontro teria sido um fracasso — e o ministro do Supremo teria se negado a participar do esquema.

Outra ação de Dilma seria a tentativa de indicar para o Superior Tribunal de Justiça o presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Nelson Schaefer, para votar pela libertação dos acusados Marcelo Odebrecht (presidente do grupo Odebrecht) e Otávio Azevedo (ex-presidente da Andrade Gutierrez).

A terceira iniciativa citada pela revista teria sido indicar Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça com a intenção de que aceitasse os recursos de empreiteiros presos na operação. Navarro, no entanto, deixou a relatoria dos processos da “lava jato” na corte.

Conforme a publicação, o senador petista ainda teria dito que Dilma sabia do superfaturamento na aquisição da refinaria de Pasadena pela Petrobras.

Já Lula seria acusado por Delcídio de ordenar a ele que tentasse convencer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró de não implicar o fazendeiro José Carlos Bumlai em acordo de delação premiada.

A IstoÉ diz ainda que ex-presidente também agiu na operação zelotes para evitar a convocação do casal Mauro Marcondes e Cristina Mautoni para depor. A razão seria que o fundador do PT estaria com medo de que eles revelassem repasses irregulares à empresa de seu filho Luís Cláudio e confirmassem repasses para o governo aprovar a Medida Provisória 471/2009, que beneficiou o setor automobilístico.

Além disso, a IstoÉ aponta que Delcídio do Amaral contou aos procuradores que, em 2006, Lula e o ex-ministro Antônio Palocci comprara, por R$ 220 milhões, o silêncio de Marcos Valério no caso do mensalão.

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