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Secretário nacional de Justiça, Beto Vasconcelos antecipa saída do governo

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3 de março de 2016, 15h21

O secretário nacional de Justiça, Beto Vasconcelos, vai deixar o governo neste mês. Ele acertou a saída no início do ano, quando o governo anunciou que a Secretaria Nacional de Justiça absorveria a Secretaria da Reforma do Judiciário, criando uma superestrutura. Beto já havia acertado com o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que deixaria o governo no fim deste ano, para se dedicar a projetos pessoais. As nomeações serão publicadas no Diário Oficial da União desta quinta-feira (3/3).

Ainda não se sabe se Beto Vasconcelos terá de cumprir algum tipo de quarentena ou não. Essa decisão cabe à Comissão de Ética da Presidência da República. Ele trabalha com a ideia de que terá de ficar um tempo sem trabalhar com nada dentro de sua área. “A comissão trabalha com hipóteses concretas, e qualquer eventual conflito de interesse justifica a quarentena”, explica.

Beto está na Secretaria Nacional de Justiça desde o início de 2015, quando foi escalado pela presidente Dilma Rousseff para chefiar as iniciativas do governo de combate a corrupção e as estratégias de parceria para enfrentamento da lavagem de dinheiro. É dele, por exemplo, a ideia da Estratégia Nacional de Combate à Lavagem de Dinheiro, a Enccla, um conjunto de iniciativas e estudos sobre o tema. Também é da gestão dele o chamado “pacote anticorrupção” do governo, que trouxe uma regulamentação para a Lei Anticorrupção, um projeto de tipificação do crime de caixa dois e um projeto de lei da ficha limpa para servidores públicos, por exemplo.

Chegou ao governo em 2003, quando foi secretário substituto de políticas de informática e tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia. Já em 2004, no entanto, foi convidado pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para ser seu assessor. Passou a integrar a chamada “creche do Márcio”, um grupo de jovens advogados, a maioria da USP, que passou a assessorar o então ministro, oriundo da mesma universidade.

Hoje um nome de confiança da presidente Dilma, Beto começou a trabalhar com ela em 2005, quando ela foi nomeada ministra da Casa Civil, e ele, subchefe-adjunto para assuntos jurídicos. Em 2007, Beto foi nomeado o subchefe e ficou no cargo até o fim de 2010. Em 2011, foi para a Secretaria Executiva da Casa Civil.

Saiu de lá em 2013, quando decidiu ir para a Universidade Columbia, nos Estados Unidos, estudar políticas públicas. Era uma época em que o nome de Beto era aventado pela imprensa para todas as vagas da área jurídica que surgiam — ou que se dizia que estava para surgir. A sensação, no entanto, era de que estava na hora de deixar o governo, ele lembra.

Os estudos duraram pouco. No início do processo eleitoral de 2014, Vasconcelos foi chamado pela presidente para ser seu chefe de gabinete e o número 2 para assuntos internos do Planalto enquanto ela estava em campanha. Durante esse período, ele chegou a organizar sua saída do governo, mas vendo a virulência que se deflagrou nas eleições de 2014, decidiu ficar até o fim de 2015.

Agora o que pretende fazer é esperar a decisão sobre a quarentena. Se tiver de cumprir, vai estudar. Se não tiver, tem para escolher a advocacia ou tentar entrar na área de gestão empresarial. Ele também cogita se candidatar a alguma vaga nas Nações Unidas.

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