Escolha suspeita

PF investiga contratos da Odebrecht com empresários ligados a Lula

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20 de maio de 2016, 11h14

A Odebrecht é novamente alvo de mais uma operação deflagrada pela Polícia Federal. Desta vez o objetivo é verificar se contratos da empreiteira com uma empresa do ramo de construção civil, que tem um dos sócios relacionado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foram utilizados para o pagamento de vantagens indevidas. 

Dessa vez, a polícia investiga a prática dos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Estão sendo cumpridas nesta sexta-feira (20/5) quatro mandados de busca e apreensão, duas conduções coercitivas e cinco intimações. Todos na cidade de Santos.

De acordo com o portal G1, um dos conduzidos coercitivamente é o empresário Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho da primeira mulher do ex-presidente Lula. Taiguara é um dos sócios da Exergia, uma empresa do ramo da construção civil sediada em Santos que foi contratada pela Odebrecht para atuar em obras complexas de um empreendimento da construtora em Angola. O sócio de Taiguara, José Manuel Camano, também foi levado a prestar depoimento.

Segundo a Polícia Federal, as medidas cumpridas nesta sexta-feira (20/5) têm como meta esclarecer quais as razões para a Odebrecht ter celebrado contratos, entre 2012 e 2015, com uma empresa de construção civil de pequeno porte para obras complexas em Angola.

De acordo com a investigação, apenas por seus serviços nas obras de reforma do complexo hidrelétrico de Cambambe, a empresa recebeu R$ 3,5 milhões. A obra recebeu do BNDES financiamento que totalizava US$ 464 milhões.

A investigação começou com o envio para a Polícia Federal de um Procedimento de Investigação Criminal do Ministério Público Federal, que pretendia investigar se a construtora Odebrecht teria, entre os anos de 2011 e 2014, pago propina em troca de facilidades na obtenção de empréstimos de interesse da multinacional junto ao BNDES. A Odebrecht informou que não vai comentar a operação deflagrada nesta sexta-feira.

CPI do BNDES
A suspeita sobre os contratos celebrados entre a Exergia e a Odebrecht não são novos. Em outubro de 2015, Taiguara dos Santos foi convocado a prestar esclarecimentos aos deputados. Na ocaisão, o empresário negou que a sua ligação com Lula o tenha ajudado a fechar contratos com a construtora Odebrecht em Angola, entre 2011 e 2015.

Taiguara dos Santos admitiu aos deputados manter contato com Lula e confirmou ser amigo de Fábio Luís Lula da Silva, filho do ex-presidente. Ele confirmou também que, em 2009, abriu a empresa Exergia Brasil, subsidiária da Exergia, com 49% da sociedade e sem nenhum capital, para atuar em Angola. E que, a partir de 2011, conseguiu diversos contratos com a Odebrecht, como o fechado em 2012, para trabalhar na ampliação e modernização de uma hidrelétrica no país africano.

Sobre a capacitação da empresa, ele explicou que a Exergia Brasil, quando ela foi constituída, não tinha acervo, mas a Exergia, que era o sócio majoritário tinha muito acervo de obras. "Isso sim, nos cacifou a trabalhar dentro da Odebrecht", afirmou. O empresário disse ainda que não sabia que havia financiamento do BNDES à obra executada pela Odebrecht em Angola e afirmou que não conhece ninguém no banco. Com informações da Assessoria de Imprensa da Polícia Federal e da Agência Câmara.

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