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Visita da juíza Kenarik Boujikian ao papa Francisco gera controvérsia no TJ-SP

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12 de maio de 2016, 15h51

Desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo ficaram incomodados com a notícia de que a juíza Kenarik Boujikian encontrou com o papa Francisco, no Vaticano, e criticou o processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT). A pedido de integrantes do Órgão Especial, o presidente da corte, Paulo Dimas Mascaretti, acabou divulgando nota oficial em que nega qualquer vinculação do tribunal com a visita.

Divulgação/Arquivo pessoal
Kenarik foi recebida pelo papa Francisco no Vaticano, na última segunda-feira (9/5).
Divulgação/Arquivo pessoal

A juíza, que atua na segunda instância do TJ-SP, publicou em sua página pessoal do Facebook que levou ao papa “a preocupação dos movimentos populares com o que está acontecendo no Brasil”, junto com a atriz Letícia Sabatella. O encontro ocorreu no dia 9 de maio, quando o Senado ainda não tinha aprovado o afastamento de Dilma.

Dois dias depois, a visita foi citada na sessão do Órgão Especial, mesmo sem previsão na pauta. O desembargador Arantes Theodoro disse ter ouvido uma série de reclamações de “colegas indignados”, além de ter recebido mensagens de magistrados de outros estados, como Paraná e Rio de Janeiro. Ele afirmou que, para alguns dos críticos, ficou a impressão de que Kenarik falava como se representasse o Judiciário paulista. “Me afetou também essa manifestação”, disse o desembargador Evaristo dos Santos.

O decano Xavier de Aquino, ex-corregedor, questionou se a juíza havia pedido afastamento. O presidente respondeu que ela solicitou dias de compensação. Segundo Mascaretti, o tribunal não autorizou que ninguém emitisse pronunciamento sobre o tema. “A juíza fala em nome próprio. A posição não coincide com a do tribunal”, afirmou durante a sessão. Ainda nessa quarta-feira (11/5), o tribunal publicou nota reforçando esse entendimento (leia abaixo).

Nesta quinta-feira (12/5), Kenarik publicou mensagem sobre o impeachment no Facebook: “Hoje derrubaram a Constituição, mas estamos prontos pra deixá-la no seu lugar. Hoje mt triste, mas sigo em frente, acreditando que construiremos um Brasil mais justo e solidário.” (sic)

Nascida na Síria, a juíza é uma das fundadoras da Associação Juízes para a Democracia.

Leia a nota do TJ-SP:

A Presidência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, diante da notícia de que a juíza Kenarik Boujikian esteve, no Vaticano, na última segunda-feira (9), com a Sua Santidade o Papa Francisco, entregando carta assinada por membro da Comissão Justiça e Paz da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), vem a público registrar que a magistrada atuou em caráter estritamente pessoal, sem deter representação institucional.

Ressalta-se, portando, conforme pronunciamentos externados na sessão de hoje (11) do Órgão Especial da Corte, que o teor da carta em nenhum momento reflete posicionamento do Judiciário Bandeirante.

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